Desde que abriu as portas no dia 01 de agosto, primeiro dia da Jornada Mundial da Juventude (JMJ), o Módulo de Emergência do Instituto Nacional de Emergência Médica, conhecido por hospital de campanha, atendeu cerca de 30 peregrinos, tendo havido apenas necessidade de transferir um doente para o hospital, disse à agência Lusa a responsável do módulo, a médica Ana Correia, foi ontem noticiado.
“O que esperamos é que a partir da tarde, e com a presença da Sua Santidade, possa haver uma afluência maior. Esperemos que não, mas estamos preparados e planeámos para isso”, disse Ana Correia no Módulo de Emergência, certificado pela Organização Mundial da Saúde e onde todos os profissionais estão preparados para responder a todas as situações de saúde que ocorram.
À entrada, os doentes são triados por uma equipa que os recebe e depois, consoante a gravidade, são reencaminhados para a sala de emergência (vítimas críticas) ou para o ambulatório, onde há gabinetes médicos, em que o doente é avaliado e se for necessário pode fazer ali o tratamento ou ser medicado.
Dotado com todo o tipo de medicação, material médico e cirúrgico e equipamento para fazer raio-X e análises, o que permite fazer “o diagnóstico, o tratamento e encaminhamento certo”, o hospital de campanha tem também capacidade para realizar pequenas cirurgias.
Dispõe ainda de uma unidade de decisão clínica com quatro marquesas, que podem ser duplicadas, para acolher os doentes que precisam de estar em observação e que encheu no primeiro dia da JMJ.
Nesta sala, disse a médica, “podemos fazer algum tipo de terapêutica endovenosa, algum soro que seja necessário, e avaliar (…) o que a pessoa tem”, disse, explicando que o grande objetivo é resolver a situação e evitar “criar mais sobrecarga aos hospitais”.
Também faz parte do hospital de campanha a “tenda da calma”, um espaço aberto com pufes, bolas de pilates, que já recebeu jovens com crises de ansiedade e crises conversivas (sintomas pseudo-neurológicos que podem incluir paralisia, cegueira, surdez ou mutismo) que foram recebidos pelos psicólogos que estão no espaço e alguns encaminhados para o módulo de emergência.
“Este é um evento religioso com emoções muito fortes, com momentos de comoção, e preocupa-nos, sobretudo, pessoas que eventualmente possam ter crises de ansiedade, crises de pânico, que geralmente é o mais comum, mas também podemos ter situações, por exemplo, de pessoas que já têm um quadro psicopatológico prévio e que no momento de grandes emoções podem descompensar e ter necessidade de alguma estabilização emocional”, disse o psicólogo José Rego.
Além dos profissionais que estão na estrutura, dois psicólogos apeados percorreram o recinto do Parque Eduardo VII para atender a situações que necessitem de alguma estabilização emocional, particularmente crises de ansiedade, ataques de pânico, perdas de controlo emocional.
“O nosso objetivo é (…) promovermos sempre que possível a estabilização no local onde eles se encontram, para que não precisem de recorrer a estruturas de saúde mais diferenciadas, não as sobrecarregando e, ao mesmo tempo, para que possam permanecer nas jornadas junto dos seus e continuar a usufruir deste momento”, disse Eduarda Cardanha, do INEM, que já perdeu a conta aos quilómetros que percorreu juntamente com psicólogos da GNR, PSP ou Cruz Vermelha que pela primeira vez estão a colaborar com o INEM a nível da psicologia.
José Rego explicou que uma pessoa que está no meio de uma multidão pode ter alguma situação de claustrofobia, sentir medo por algum motivo e desencadear uma crise de pânico, ansiedade, que até pode desencadear “um contágio emocional” e causar outras vítimas.
O hospital de campanha junto ao Parque Eduardo VII encerra no final do dia de sexta-feira.
No sábado, um outro hospital de campanha abre em Fátima, enquanto no Parque Tejo estarão outros dois, que se mantêm em funcionamento até domingo, último dia da Jornada.
LUSA/HN
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