Segundo o ministro da Saúde, as dificuldades em assegurar a cobertura plena dos cuidados de saúde primárias estão relacionadas com o facto de estes anos, “algures entre 2020 e o final de 2024”, serem aqueles em que se vão reformar os grandes cursos médicos da segunda metade da década de 70. “Nós hoje estamos a formar os profissionais de que necessitamos, só que começámos tarde demais a fazê-lo e, portanto, não conseguimos fazer essa compensação”, acrescentou.
“Eu admito que até ao final de 2024 nós vamos ainda viver muitas dificuldades, porque o tema é saber se os que nós conseguimos recrutar compensam inteiramente o número muito significativo de médicos que ainda atinge a idade da reforma”, explicou.
Perante este cenário – prosseguiu o ministro -, a medida de encorajamento ao recrutamento é acompanhada da intenção de generalizar as Unidades de Saúde Familiar com remuneração associada ao desempenho que, pelo alargamento da lista de utentes, poderá compensar em parte as reformas ou gerar ganhos de capacidade de atendimento.
Na mesma conferência, Pizarro disse aos jornalistas que reage às manifestações dos profissionais de saúde “com preocupação”. O ministro espera que pelo menos relativamente às propostas do Governo de generalização das USF modelo B e dedicação plena seja possível aproximar posições.
Igualmente presente, o diretor executivo do SNS explicou alguns pontos da “maior reforma” do serviço público de saúde, “feita da base para cima”, “com as pessoas e para as pessoas”. “Estamos a preparar o futuro de acordo com as boas práticas internacionais”, referiu.
A “capacidade única” de os colegas dos vários níveis de cuidados poderem trabalhar em conjunto, focados no real interesse do doente, “é a grande diferença” apontada por Fernando Araújo.
O financiamento serve a promoção da saúde e a prevenção da doença, “em vez de estarmos a financiar a doença e o tratamento do doença”. Esta forma de financiamento centra-se mais nos cuidados de saúde primários, onde podem ser prevenidas as patologias “de forma mais simples, mais económica, mas acima de tudo mais próxima das pessoas”.
“Quanto mais apostarmos na prevenção da doença e na promoção da saúde, mais equilibrada do ponto de vista de gestão será a própria ULS.”
O diretor executivo recordou ainda que o doente pode escolher onde quer ser tratado e o financiamento segue-o. “Não há constrangimentos administrativos”, frisou.
É “uma reforma que está a ser construída há muito tempo”. “É uma reforma fundamentada” que “está a ser estruturada”, disse Fernando Araújo.
HN/RA
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