Campanha alerta para os sintomas inespecíficos da fibrose pulmonar

7 de Setembro 2023

A fibrose pulmonar é uma patologia subdiagnosticada, devido à falta de conhecimento e aos seus sintomas inespecíficos. É necessário alterar este cenário através de uma maior sensibilização sobre a doença, alerta uma campanha dirigida a toda a população.

Esta campanha une a Fundação Portuguesa do Pulmão (FPP), a Respira e a Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), com o apoio da Boehringer Ingelheim.

Numa fase precoce da doença, os doentes têm uma diminuição ligeira da capacidade de esforço, o que ainda lhes permite autonomia e qualidade de vida. Mas com a progressão da mesma, associada a uma diminuição daquela mesma capacidade e a uma sensação de asfixia, a limitação e a dependência serão cada vez mais acentuadas. Isabel Saraiva, presidente da Associação Respira, refere que viver com fibrose pulmonar “é muito desafiante, tanto para os doentes, como para os seus familiares e cuidadores, uma vez que tarefas básicas do dia a dia, como caminhar pequenas distâncias, carregar pesos ou realizar tarefas domésticas, apresentam grandes dificuldades para estes doentes”.

Dispneia de esforço (intolerância crescente a esforços) e/ou tosse seca são sinais de alerta que carecem de atenção no que diz respeito à fibrose pulmonar. Porém, são sintomas que podem ocorrer em doenças cardíacas ou outras doenças respiratórias mais prevalentes, “o que é uma das maiores causas do reconhecimento tardio das doenças pulmonares fibróticas”, refere António Morais, presidente da SPP. A literacia em saúde em Portugal “tem de ter um impulso significativo”. Relativamente aos profissionais de saúde, é importante manter a sensibilização de que “numa dispneia de esforço a fibrose deve estar na equação do diagnóstico diferencial”, acrescenta.

Assim, “a terapêutica permite, pelo menos, diminuir a dinâmica da evolução, atrasando-a de forma significativa. A importância de realizar um diagnóstico atempado prende-se com a necessidade de colocar a terapêutica o mais precocemente possível, visto que, quando falamos de doenças progressivas, a progressão/agravamento da doença não é recuperável”, afirma António Morais.

Apesar de termos já progressos nesta área, ainda há um longo caminho a percorrer. José Alves refere que “o número de doentes é crescente e isso tem um impacto significativo quer em recursos de diagnóstico quer no tratamento. Este crescimento está ligado ao facto de um crescente número de hospitais terem profissionais dedicados a esta área da Pneumologia”. Por outro lado, António Morais admite que a população deverá ser cada vez mais “sensibilizada para não desvalorizar os sintomas de apresentação, nomeadamente a intolerância ao esforço. Já os médicos deverão ter este grupo de doenças como hipótese quando abordam o doente com queixas de dispneia de esforço e/ou tosse seca”.

PR/HN

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