“Nós precisamos mesmo de ter mais literacia sobre psicologia, porque isso significa ter mais literacia sobre como é que funciona o nosso comportamento e sobre como é que funcionam os nossos processos mentais, ou seja, como é que nós nos motivamos, como é que nós tomamos decisões, como é que nós percecionamos o mundo à nossa volta, como é que nós regulamos as nossas emoções. E essa literacia é um contributo. Ainda assim, há uma diferença, depois, entre essa compreensão e conseguirmos a execução desse comportamento”, explicou o bastonário. E, atenção, “ainda se confunde demasiado informação com literacia”.

Francisco Rodrigues entende que é preciso agir nos diferentes contextos da vida dos cidadãos, sendo que a psicologia pode ajudar a avaliar as políticas de saúde e garantir que se implementam medidas adequadas e eficazes. Outros países já adotaram o teste de “políticas públicas que funcionam”, utilizando o conhecimento da psicologia sobre como é que as pessoas se comportam.

“Se queremos que as políticas sejam efetivas, então, trabalhemos com mais informação sobre evidência científica do que é que poderá funcionar”, reforçou o bastonário. Na sua perspetiva, “não haverá nenhum modelo de gestão que garanta a sustentabilidade do Serviço Nacional de Saúde, seja ele como for, se não tivermos esta transversalidade e se não conseguirmos que todos colaboremos muito mais, ao longo de todo o ciclo de vida, nessa sustentabilidade, com os nossos hábitos de vida, com os nossos comportamentos”.

No arranque de 2024, o bastonário espera que, “pela primeira vez, a existência dos poucos psicólogos que existem no Serviço Nacional de Saúde esteja consagrada nos modelos de financiamento”. “Se os modelos de financiamento não evoluírem no sentido desta inclusão, também não vamos ter os resultados que pretendemos.”

O Stada Health Report 2023 revelou que 73% dos portugueses aumentaram os cuidados preventivos: 34% optaram por dietas mais saudáveis, 24% procuraram mais o aconselhamento do médico de família, 21% fizeram mais rastreios de saúde, 20% aumentaram a ingestão de vitaminas, 12% passaram a praticar mais exercício físico, 12% utilizaram mais aplicações de saúde e 8% procuraram mais o aconselhamento farmacêutico. Contudo, 48% dos portugueses disseram que não tinham aderido a nenhum dos rastreios preventivos disponíveis, superando a média global de 42%.

HN/RA