Ansiedade e depressão podem atingir até 40% dos casais inférteis

6 de Outubro 2023

Em vésperas de mais um Dia Mundial da Saúde Mental, que se assinala a 10 de outubro, a psicóloga Filipa Santos aconselha quem vive a infertilidade.

Segundo a psicóloga da clínica de fertilidade IVI Lisboa, “cerca de 25 a 40% dos casais com dificuldades reprodutivas relatam sinais de ansiedade e depressão mais elevados em comparação com os casais férteis”. Explica que a vivência da infertilidade surge muitas vezes associada a sentimentos de vergonha, zanga, tristeza e culpa. “Quando há um desgaste grande ou uma sensação de sobrecarga emocional, é fundamental a pessoa procurar ajuda, no sentido de desenvolver estratégias mais ajustadas de autorregulação emocional”, acrescenta.

Filipa Santos acrescenta que, por vezes, o suporte conjugal, familiar ou social é sentido como inexistente ou incompetente, o que torna esta vivência ainda mais dura e solitária. Procurar ajuda psicológica pode ser importante para desenvolver ferramentas para uma comunicação mais saudável e eficaz, seja com os outros de uma forma geral, seja no contexto do casal. Na sua opinião, o autocuidado é importante para todas as pessoas. “A nossa capacidade de cuidarmos de nós de uma forma consciente, atenta e respondendo às nossas necessidades é uma ferramenta importante para o nosso bem-estar psicológico. Por vezes é necessário recorrer à ajuda de um profissional para esta tomada de consciência e para trabalhar algumas mudanças de comportamento”, sublinha.

De acordo com a psicóloga, num caminho que pode ser pautado por insucessos ou perdas, o processo de luto pode tornar-se demasiado pesado. “Nessa altura, é importante procurar um profissional que possa ajudar a pessoa a compreender o seu luto e a desenvolver estratégias para lidar com o mesmo. Muitas pessoas vão desistir dos tratamentos pela sobrecarga emocional que atribuem aos mesmos e acabam por não conseguir ter um filho”, afirma.

Experienciar emoções mais intensas ou negativas faz parte do processo. O acesso a um profissional de saúde mental pode ser fundamental para a pessoa desenvolver novas ferramentas de regulação emocional e para promover a resiliência para que consiga continuar o seu caminho. Ao longo da jornada da infertilidade pode ser necessário ajustar expetativas e tomar decisões diferentes das iniciais. Podem existir momentos em que é necessário o aconselhamento psicológico no sentido de apoiar e promover a tomada de decisão consciente e informada, assim como para apoiar a gestão das expectativas associadas às opções existentes e aos processos inerentes.

PR/HN

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