Contactado pelo nosso jornal, o presidente do Sindicato Nacional dos Farmacêuticos apontou algumas críticas à cerimónia dos “SNS Awards”.
“Não temos nada contra com que se distinga quem tenta fazer do SNS um serviço cada vez melhor. Agora, numa altura em que temos todos os profissionais de saúde descontentes, inúmeros serviços de urgência fechados e diretores de serviço a apresentarem demissões, parece-me um pouco incoerente”, afirmou depois de considerar que: “não vale a pena tapar o sol com a peneira”.
Segundo Henrique Reguengos, há cada vez mais farmacêuticos a desistirem de trabalhar no Serviço Nacional de Saúde. “Somos poucos para a rotina básica e mesmo assim vemos muitos colegas a desistirem e a sairem do SNS. Não falo unicamente dos colegas mais novos, falo também dos farmacêuticos que têm dezenas de anos de serviço. Portanto, por um lado perdemos a experiência de quem trabalha no SNS há muito tempo e, por outro lado, vemos que os que ficam acabam por ser sobcarregados com mais trabalho.”
O dirigente sindical lamentou a falta de reconhecimento por parte da tutela. “O trabalho dos farmacêuticos não é reconhecido minimamente. Duvido que exista algum colega que se sinta que o esforço que faz, todos os dias para desempenhar as suas funções o melhor possível, é reconhecido por parte do Ministério da Saúde. Diria que pior do que os problemas remuneratórios, aquilo que mais magoa os farmacêuticos do SNS é o completo desprezo e falta de reconhecimento pelo trabalho que todos os dias é feito.”
O responsável apontou que, após um ano da primeira greve dos farmacêuticos do SNS, nada mudou. “Não temos uma única reunião marcada, seja com o Ministro da Saúde ou com o secretário de estado, para que os farmacêuticos possam ver alguma luz ao fundo do túnel”.
Para o responsável, é preciso que a tutela olhe para os problemas “com olhos de ver”. Mas, enquanto o Governo não quiser dar ouvidos aos farmacêuticos, estes garantem não deixar escapar qualquer oportunidade para demonstrar o seu descontentamento.
“Não temos outra alterativa que não seja usar todas as oportunidades que tivermos para chamar a atenção da sociedade portuguesa para esta anormalidade que estamos a viver. Com esta manifestação [em frente ao Palácio da Bolsa, no Porto] pode ser que alguém do Governo acorde e resolva tratar dos problemas dos farmacêuticos”, disse Reguengo.
O Sindicato Nacional dos Farmacêuticos voltou a defender que “o processo da residência farmacêutica se torne efetivamente regular e normal”, assim como a atualização da tabela remuneratória.
A manifestação deverá ter início às 19h00.
HN/VC
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