“Para prevenir a depressão perinatal e disponibilizar um diagnóstico atempado seguido de um tratamento adequado, é fundamental ter recomendações para a prática clínica, sobre a prevenção, diagnóstico e diferentes opções de tratamento, baseadas em evidência”, explicou a coordenadora da rede Ana Ganho Ávila, citada em comunicado da UC.
A investigadora do Centro de Investigação em Neuropsicologia e Intervenção Cognitivo-Comportamental (CINEICC) salientou que, atualmente, “muitos países europeus não têm em vigor recomendações para a prática clínica na depressão perinatal”, e que, nos países onde já existem essas orientações, “a baixa qualidade metodológica e as discrepâncias das recomendações podem levar a disparidades e desigualdades no acompanhamento clínico da depressão perinatal”.
A gravidez e o primeiro ano após o parto (o denominado período perinatal) são “períodos de mudanças psicológicas, fisiológicas e sociais tremendas na vida das mulheres, e estima-se que uma em cada cinco mulheres possa vir a ter problemas de saúde mental durante este período, sendo a depressão e a ansiedade os problemas mais prevalentes”, avançou a especialista da Faculdade de Psicologia e de Ciências da Educação.
As recomendações da Research Innovation and Sustainable Pan-European Network in Peripartum Depression Disorder (Riseup-PPD) são direcionadas a vários profissionais de saúde, nomeadamente das áreas de psiquiatria, psicologia, enfermagem, obstetrícia ou pediatria que, no seu contexto profissional, contactam com mulheres e seus parceiros no planeamento da maternidade, durante a gravidez ou o primeiro ano após o nascimento, que podem vir a sofrer de depressão ou que tenham já sintomatologia.
“É fundamental que mulheres, seus parceiros e profissionais de saúde tenham conhecimentos sobre a prevenção da saúde mental nesta fase, dado que a depressão perinatal afeta negativamente a mãe e a sua saúde, a saúde e o desenvolvimento do bebé, e afeta ainda laços e relações familiares”, sublinhou Ana Ganho Ávila.
As recomendações clínicas desenvolvidas pela Riseup-PPD foram financiadas pelo COST (European Cooperation in Science and Technology), cujo financiamento se destina a apoiar redes de investigação e inovação que promovam a cooperação em investigação na Europa.
A rede envolve investigadores e profissionais oriundos de 31 países: Albânia, Áustria, Bélgica, Bósnia e Herzegovina, Bulgária, Croácia, Chipre, Dinamarca, Estónia, Finlândia, França, Alemanha, Grécia, Irlanda, Israel, Itália, Letónia, Malta, Países Baixos, Macedónia do Norte, Noruega, Polónia, Portugal, Sérvia, Eslovénia, Espanha, Suécia, Suíça, Turquia, Ucrânia e Reino Unido.
O conjunto de recomendações para a prática clínica – que vão ser apresentadas esta terça-feira no Parlamento Europeu – pode ser adotado por qualquer serviço de saúde sediado nos 31 países que participaram na rede Riseup-PPD.
“Esta reunião é fundamental para chamar a atenção dos legisladores e políticos europeus para a saúde mental das mulheres durante o período da gravidez e durante o primeiro ano após o parto”, destacou Ana Ganho Ávila.
A investigadora está expectante que aquela reunião promova a discussão “sobre a saúde mental no período perinatal e coloque aquela questão tão importante na agenda política nacional e internacional em toda a Europa”.
LUSA/HN
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