Estudo faz ‘raio x’ da IC em Portugal, prevalência da doença tem aumentado

12 de Dezembro 2023

Os resultados de um estudo recente indicam que um em cada seis portugueses com mais de 50 anos vive com Insuficiência Cardíaca (IC) e que nove em cada em cada dez doentes não tem conhecimento da doença.

O estudo epidemiológico sobre a prevalência da Insuficiência Cardíaca na população portuguesa (PORTHOS) foi conhecido hoje numa sessão de apresentação que teve lugar na NOVA Medical School.

Após mais de duas décadas do último estudo, a Sociedade Portuguesa de Cardiologia e a AstraZeneca, em parceria com a NOVA Medical School, decidiram levar a cabo a realização de um estudo de larga escala sobre a realidade da Insuficiência Cardíaca a nível nacional.

Os resultados foram apresentados por Rui Baptista. O investigador revelou que mais de 700 mil portugueses com idade superior a 50 anos vivem com insuficiência cardíaca, sendo que 90% não sabe que tem a patologia.

A prevalência nas diferentes regiões do país foi um fator que surpreendeu os investigadores do estudo. “Encontrámos assimetrias importantes nas regiões”, afirmou Rui Baptista.

Os dados mostraram que a prevalência da IC na região Norte é de 12,93%; no Centro é de 17,90%, em Lisboa e Vale do Tejo é de 18,84%, no Alentejo é de 29,17% e no Algarve é de 6,61%.

“Esta distribuição não segue a realidade sociodemográfica do país”, observou o investigador.

Sobre a importância do estudo, a investigadora Cristina Gavina salientou que a IC “é um problema de saúde pública” que tem vido a agravar-se de forma “preocupante” em Portugal.

“A maior parte das nossas enfermarias está cheia de doentes com insuficiência cardíaca (…) É uma doença que custa muito dinheiro. Estima-se que sejam gastos cerca de 25 mil euros por ano por pessoa”, reforçou.

Segundo a especialista, a insuficiência cardíaca tem um prognostico pior que muitos cancros comuns.

A hipertensão e a obesidade, associados com o envelhecimento da população, foram apontados como os principais fatores de risco que têm contribuído para o aumento do número de doentes com insuficiência cardíaca.

Perante o cenário e a realidade da doença, os especialistas pediram mais medidas de prevenção.

Na sessão, o Presidente do Conselho Estratégico do PORTHOS, Vitor Gil, destacou a importância da atualização destes dados. “Este estudo permite perceber que para mudar a realidade é preciso conhecer a realidade, mesmo que esta nos surpreenda (…) Os resultados deste estudo são para ser entregues nas mãos dos políticos para que transformem o panorama da insuficiência cardíaca em Portugal”.

O estudo PORTHOS decorreu entre dezembro de 2021 e setembro de 2023.

HN/Vaishaly Camões

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