Em declarações à agência Lusa, Manuela Pacheco adiantou que, a par da criação de 31 Unidades de Saúde Locais (ULS), que passam a totalizar 39 no continente, que integram os hospitais e os centros de saúde debaixo de uma única gestão, são também criadas Unidades de Saúde Familiar (USF) tipo B.
Manuela Pacheco ressalvou não estar contra a criação das USF Tipo B, “antes pelo contrário”, porque vão ter “uma abrangência de horário muito melhor e muito maior”, mas defendeu que não podem ser encerrados os polos dos centros de saúde existentes nas aldeias.
“Porquê encerrar os polos que já existem e dão provas de que são necessários? Uma coisa era ter informação e dados de que não havia procura, que estava uma porta aberta e que os utentes não se deslocavam, mas é mentira”, considerou.
“Os senhores doutores que estão à frente dessas Unidades de Saúde Familiares estão pura e simplesmente a chutar para canto as decisões da Direção Executiva do SNS e estão a tomar iniciativas de encerramento desses polos”, lamentou.
Alertou, por outro lado, que esta situação é “uma bola de neve”: “Se esses serviços de saúde primários encerram tudo aquilo que gira à volta deles está em vias de encerrar, como seja os serviços de exames complementares de diagnóstico e as farmácias”.
“É importante que todos tomemos uma posição e que esta situação seja desmascarada e os médicos que ali estão vejam que estamos todos para servir a população”, frisou.
A responsável sublinhou que estes polos foram criados com a finalidade de serem uma extensão do centro de saúde com um médico que pode lá ir uma, duas vezes, mas que serve em proximidade os utentes que estão muito preocupados com esta situação.
“Tenho testemunhado grupos de representantes das populações locais, nomeadamente das assembleias de freguesia, que vêm às assembleias municipais referir que têm grupos de utentes em pânico porque vão ficar sem acesso à saúde, aquela que ainda há”, referiu.
Segundo Manuela Pacheco, os polos em causa estão abertos uma, duas, três vezes por semana em aldeias, onde se desloca um centro de análises, para os utentes poderem realizar exames, e onde existe uma farmácia.
“À revelia daquilo que está a ser decidido, existem médicos que estão à frente dessas USF” que dão indicações aos administrativos para marcar a consulta aos utentes, mas na USF que pode ficar a 10 quilómetros de distância, uma situação agravada com o facto de a rede de transportes públicos ser deficitária.
Manuela Pacheco disse que, ao dia de hoje, tem conhecimento de um caso concreto, “mas que se avizinham mais dois porque estão previstas mais duas USF”.
Ressalvou que não se está a pedir que “os polos fiquem eternamente abertos, de manhã à noite”, mas que promovam o acesso à saúde nessas localidades.
“Isto tem sido uma luta que a população está a travar (…) e deveríamos tomar uma posição firme já, para que isto não só não aconteça, como para que não possa vir a replicar-se” noutras regiões do país, defendeu.
A agência Lusa contactou a Direção Executiva do SNS que remeteu esclarecimentos para a ULS do Oeste.
A presidente do conselho de administração do Centro Hospitalar do Oeste, Elsa Baião, que assume por inerência a administração interina da ULS, disse que não está em condições de poder prestar esclarecimentos por desconhecer o assunto, mas disse que as novas USF ainda não entraram em funções, o que foi confirmado à Lusa por autarcas locais.
LUSA/HN
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