Sociedades médicas reforçam importância e segurança da vacinação contra a gripe

25 de Janeiro 2024

6 sociedades médicas publicaram, neste início de ano, um documento consenso com recomendações que pretendem reforçar a importância da vacinação contra a gripe nas populações mais vulneráveis, como os idosos e doentes crónicos, desmistificando também conceitos errados que existem em torno da segurança e eficácia da vacina

A Sociedade Portuguesa de Pneumologia (SPP), a Sociedade Portuguesa de Cardiologia (SPC), a Sociedade Portuguesa de Diabetologia (SPD), a Sociedade Portuguesa de Doenças Infeciosas e Microbiologia Clínica (SPDIMC), a Sociedade Portuguesa de Geriatria e Gerontologia (SPGG) e o Núcleo de Estudos de Geriatria da Sociedade Portuguesa da Medicina Interna (NEGERMI-SPMI, anunciam em comunicado que publicaram, neste início de ano, um documento consenso com uma série de recomendações que pretendem reforçar a importância da vacinação contra a gripe nas populações mais vulneráveis, como os idosos e doentes crónicos, desmistificando também conceitos errados que existem em torno da segurança e eficácia da vacina.

Na nota aos órgãos de comunicação social, as entidades signatárias explicam que “Partindo de evidências científicas, neste consenso, as seis sociedades médicas discutem quais as melhores práticas para promover o aumento da vacinação em determinados grupos, como as pessoas entre os 60 e 65 anos, as pessoas com comorbilidades, as mulheres grávidas e os profissionais de saúde. Além disto, elaboraram também algumas recomendações para mitigar o impacto que a gripe tem, anualmente, em Portugal e que tanto se tem discutido nos últimos dias.

Contextualizando, a gripe é uma das principais causas de mortalidade a nível mundial. A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima entre três a cinco milhões de casos anuais de doença grave, tendo uma especial incidência nas pessoas mais vulneráveis, como os idosos, as crianças com menos de cinco anos, as mulheres grávidas e os doentes crónicos. A gripe pode resultar em complicações sérias para a saúde, levando a hospitalizações e causando custos elevados para o nosso Serviço Nacional de Saúde, explica-se no comunicado.

A vacinação anual é considerada a medida mais eficaz na prevenção da gripe e das suas complicações, sendo a sua eficácia e segurança reforçada nesta posição conjunta das sociedades. No nosso país a cobertura da vacinação tem aumentado, tendo sido alcançada uma taxa de 76% nos adultos com 65 anos ou mais anos em 2019-2020 (meta da EU é de 75%), reflexo da eficácia das políticas do país para apoiar e facilitar o acesso à vacinação.  De acordo com os dados do Vacinómetro (projeto que permite monitorizar em tempo real a taxa de cobertura da vacinação contra a gripe em grupos prioritários recomendados pela DGS), este sucesso deve-se a três pilares: fácil acesso à vacinação, recomendação pelos profissionais de saúde e aumento da literacia e consciencialização da população através de campanhas desenvolvidas por entidades governamentais e sociedades médicas.  De acordo com os mais recentes dados do Vacinómetro, divulgados a 23 de janeiro de 2024, no nosso país, 77,7% dos indivíduos com 65 anos ou mais já foram vacinados contra a gripe na época gripal de 2023/2024, ultrapassando, mais uma vez, a meta de 75% proposta pela OMS.  Apesar de Portugal ter uma boa taxa de cobertura de vacinação, é necessário continuar a promover este aumento.

Neste consenso, os profissionais de saúde das diferentes especialidades fazem também referência às implicações que a infeção pelo vírus influenza tem nos doentes com diferentes comorbilidades, como na Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) – sendo as infeções por vírus respiratórios a causa de muitas exacerbações nesta patologia -, nas doenças cardíacas – causando um aumento do risco de enfarte do miocárdio e na diabetes – com os doentes diabéticos a apresentarem taxas mais altas de hospitalização, admissão em urgências e mortes relacionadas à gripe.

Na população com mais de 70 anos, que está, neste momento, a sofrer um maior impacto em termos de hospitalização e mortalidade por gripe, a vacina de dose elevada assegura uma maior proteção, tendo em conta que gera a produção de mais anticorpos. Para os doentes institucionalizados em estruturas residenciais para pessoas idosas, esta vacina é administrada gratuitamente. No sentido de mitigar desigualdades, é importante que a vacina de dose elevada esteja igualmente acessível às pessoas idosas não institucionalizadas.

Assim, considerando todas as evidências científicas recolhidas, as sociedades médicas apresentam as seguintes recomendações e conclusões:

 – A vacinação contra a gripe é a base do esforço para reduzir o impacto da gripe e suas complicações, especialmente em grupos de alto risco, como idosos, crianças pequenas, mulheres grávidas e doentes crónicos.

– As vacinas são seguras e eficazes. Para as pessoas com 65 anos ou mais é recomendada uma vacina com uma dose mais elevada de vírus inativado.

– Existem estudos que demonstraram que a vacinação contra a gripe reduz significativamente as hospitalizações e a mortalidade em doentes imunocomprometidos e em doentes com doenças respiratórias, como a DPOC, doenças cardiovasculares e diabetes. Estes grupos de alto risco devem ser vacinados anualmente e os profissionais de saúde devem garantir a prescrição oportuna.

– Estes grupos de alto risco devem ser vacinados anualmente e os profissionais de saúde devem garantir a prescrição atempada, inclusive, no momento da alta hospitalar.

– A vacinação dos profissionais de saúde contra a gripe é fundamental dada a sua maior exposição ao vírus (risco de infeção) e a doentes de alto risco (risco de transmissão). A vacinação destes profissionais confere múltiplos benefícios, tais como o controlo de infeções em ambientes de saúde, menor absentismo, redução da mortalidade e a promoção da vacinação pelo exemplo que representa.

– A meta da UE de uma taxa de cobertura vacinal de 75% para indivíduos com idade superior a 65 anos foi alcançada em Portugal devido à vacinação gratuita e de fácil acesso, às recomendações dos profissionais de saúde, à vigilância epidemiológica e às campanhas nacionais de sensibilização.

– Para aumentar as taxas de cobertura vacinal são necessárias estratégias como uma maior literacia em saúde e uma maior acessibilidade e gratuidade das vacinas.

Documento original disponível aqui:
https://www.sciencedirect.com/science/article/pii/S2531043723002015

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