Desde há anos que a agência reguladora da alimentação e medicamentos (FDA, na sigla em Inglês) estuda a proibição da produção e venda de cigarros com mentol.
Uma decisão é esperada para este mês.
Mais de 70% dos fumadores afroamericanos e 5% dos latinos consomem estes cigarros, em comparação com 39% dos dependentes brancos, segundo os Centros para o Controlo e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em Inglês) dos EUA.
“Os cigarros com mentol são populares entre os afroamericanos e os hispanos”, disse à Efe Bonnie Halpern Felsher, professora de Pediatria na Faculdade de Medicina da Universidade de Stanford, no Estado da Califórnia.
“O mentol torna mais atrativo o ato de fumar, é refrescante, e o empacotamento e a publicidade dirigem-se às minorias, acrescentou.
Elena Rios, diretora-executiva da Associação Nacional Médica Hispana, advertiu que “o mentol, de facto, aumenta a dependência e dificulta o abandono do hábito de fumar”.
Em entrevista à Efe, Rios disse que os cigarros com mentol, “tal como outros produtos com sabores diferentes, atraem os jovens e as mulheres”.
A proporção de fumadores na população dos EUA caiu de 42,4% em 1965 para 12,5% em 2020, segundo os CDC, mas difere entre os grupos populacionais.
Entre os afro-americanos é de 14,4%, de 13,3% entre os brancos e de oito por cento entre os hispanos.
A possibilidade de uma proibição federal destes cigarros tem sido adiada, segundo analistas políticos, por motivos relacionados com o presente ano eleitoral.
A proibição já está em vigor em Estados como Califórnia e Massachusetts e em avaliação em outros.
Em 2021, a ideia de proibição causou preocupação em alguns ativistas afro-americanos.
Este ano, a União das Liberdades Cívicas (ACLU, na sigla em Inglês) enviou uma carta ao secretário da Saúde, Xavier Becerra, em que argumentava que essa eventualidade “impactaria desproporcionadamente as comunidades de cor, em resultado da criminalização do mercado, e exacerbaria as detenções”.
O reverendo Al Sharpton, um dos ativistas afro-americanos mais proeminentes dos EUA, desde 2021 que se pronuncia contra a proibição dos cigarros com mentol e, em 2022, enviou uma carta a Susan Rice, então diretora de Política Interna na Casa Branca, assinalando que “uma proibição vai causar riscos graves, incluindo o aumento da venda de cigarros de contrabando”.
Halpern destacou ainda que existe algum receio que uma proibição dos cigarros com mentol leve à perceção de que os seus fumadores possam ser presos.
LUSA/HN
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