“Todos os anos, perdem-se 1,5 milhões de vidas em todo o mundo devido ao acesso insuficiente à vacinação. Ao mesmo tempo, mais de 50% de toda a produção de vacinas é desperdiçada, em grande parte, devido ao controlo ineficaz da temperatura durante o armazenamento e transporte”, salienta hoje, em comunicado, a FCUP.
Este problema serviu “de inspiração” aos investigadores da FCUP que vão liderar um projeto europeu, intitulado Magccine, que pretende “salvar vacinas”.
Citado no comunicado, o investigador responsável pelo projeto, João Horta Belo, esclarece que atualmente o “regulamento restritivo” do transporte aéreo dos sistemas de refrigeração tradicionais “contribui para o desperdício de vacinas”.
“Os gases refrigerantes que estes sistemas usam, para além de serem poluentes, são também altamente explosivos e asfixiantes”, observa o investigador do Instituto de Física dos Materiais Avançados, Nanotecnologia e Fotónica da Universidade do Porto (IFIMUP).
Nesse sentido, os investigadores pretendem aplicar a refrigeração magnética, “mais sustentável e que não utiliza estes gases”, pretendendo “revolucionar a cadeia de frio das vacinas”.
No âmbito do projeto, que é financiado pelo programa Pathfinder, do Conselho Europeu de Inovação, será posta em prática uma descoberta da equipa do Porto que foi recentemente patenteada – “o efeito magnetocalórico rotativo” – que permite induzir uma mudança de temperatura num material magnetocalórico por rotação do campo magnético.
“Com esta tecnologia, a refrigeração magnética está mais próxima de ser uma realidade no mercado, uma vez que reduz a necessidade de utilização de matérias-primas de elevado custo associadas à intensidade do campo magnético – um dos maiores entraves à construção de dispositivos de refrigeração”, afirma.
Até 2028, os investigadores pretendem ter um protótipo operacional para a refrigeração de vacinas entre os dois e oito graus Célsius, intervalo de temperatura exigido por 90 a 95% das vacinas produzidas.
Segundo a FCUP, este equipamento “terá um consumo mais baixo e mais eficiente de energia”, prevendo-se também que integre fontes de energia renováveis.
“Desta forma, aumenta a segurança no transporte e armazenamento quando este ocorre em locais remotos com rede elétrica de difícil acesso ou indisponível”, acrescenta.
Liderado pela Faculdade de Ciências, o projeto conta ainda com investigadores da Universidade de Aveiro, Universidade de Sevilha (Espanha), Universidade de Ljubljana (Eslovénia) e do Institut Néel (França), mas também com parceiros industriais, como o MagREEsource e a Helium 3.
A investigação será ainda orientada por especialistas nacionais e internacionais, nomeadamente da Organização Mundial de Saúde (OMS), UNICEF, Cemafroid, IIR, APIRAC, Medgree e Addvolt.
LUSA/HN
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