Enquanto acérrimo defensor do Serviço Nacional de Saúde (SNS), estou convencido de que só através dele é possível garantir a todos os portugueses esse direito fundamental que é o acesso a cuidados de saúde de qualidade.
Por isso, em Abril de 2000 fui fundador da Fundação para a Saúde, com o objectivo de desenvolver acções na área da saúde, assistência social e solidariedade que visassem a dignificação, a valorização e o desenvolvimento dos recursos nacionais e combatessem algumas lacunas sentidas na área da saúde em Portugal.
A reestruturação ocorrida em 2012 concedeu um novo impulso à Fundação para a Saúde-SNS, com um grupo de personalidades, de reconhecida e inquestionável competência no âmbito da saúde e representativas do sector que, devido à conjuntura e ao consequente agravamento das condições na área da saúde, aceitaram desenvolver e reestruturar a Fundação, indo ao encontro dos seus objectivos de promover e apoiar o SNS – Serviço Nacional de Saúde, em estreita colaboração com as autoridades de saúde.
Na realidade, considero que, não só o SNS é possível, como é acima de tudo imprescindível. Uma das críticas que se fazem recorrentemente ao SNS é que está sobrecarregado e não dá resposta imediata às necessidades da população. A verdade é que a maior parte da população recorre ao SNS precisamente porque os privados têm custos astronómicos, que o utente comum não consegue suportar. Quando os detratores do SNS afirmam que os portugueses podem, em alternativa, optar pelos privados, tal não é assim e é uma maneira pouco séria de abordar a questão.
Eu próprio passei recentemente por uma experiência nos serviços de saúde privados, pelo que comprovei pessoalmente que a maior parte dos portugueses não terá capacidade financeira para ter acesso a esses serviços, mesmo que tenha um seguro de saúde, cujos preços já são extremamente elevados. Os montantes actualmente praticados para uma cirurgia simples no privado, por exemplo, atingem valores abissais, que ultrapassam largamente os plafonds suportados pelos seguros, ficando por isso o utente a suportar um custo muito elevado e impeditivo para a maior parte dos doentes.
Assim, além de um imperativo constitucional, considero fundamental garantir a sustentabilidade do sector e concretizar uma linha de defesa do SNS pois, parafraseando o Dr. Aranda da Silva, “num período de crise económica e social, mais importante se torna a existência de um serviço nacional de saúde solidário e sustentável.”
Termino fazendo uma especial referência ao Dr. António Arnaut, fundador e grande impulsionador do SNS, a quem presto a minha homenagem pelo seu importante contributo para a saúde, o bem-estar e a coesão social dos portugueses, não esquecendo o Dr. Mário Soares, Primeiro-Ministro de então, que também foi um grande entusiasta desta iniciativa.
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