“O que posso dizer é lamentar a demissão, naturalmente. Não tenho qualquer dúvida que o Professor Fernando Araújo e a sua equipa estiveram sempre imbuídos de um espírito de missão, que se empenharam para levar a cabo esta reforma do Serviço Nacional de Saúde, e, portanto, lamento que não tenha sido possível encontrar uma base de entendimento com o Governo que permitisse que a Direção Executiva pudesse cumprir o seu mandato. Não sei exatamente quais foram as razões, não conhecemos os detalhes desse desacordo em relação ao rumo a seguir, portanto não posso fazer um juízo sobre isso. Posso apenas lamentar que isso tenha acontecido, e que tenha acontecido neste momento, que é um momento sensível, é um momento muito exigente da reforma do Serviço Nacional de Saúde. O que espero, naturalmente, é que o Governo, com a maior brevidade, nomeie uma nova equipa, que essa equipa possa ser empossada, legitimada para retomar a reforma que está em curso”, referiu Xavier Barreto, contactado pelo HealthNews no dia seguinte ao anúncio de demissão em grupo da DE-SNS.
Xavier Barreto frisou que não faz “nenhum juízo sobre a situação em si”. “Acredito que o Governo, sendo legitimamente eleito pelos cidadãos, e repare que nessas eleições apresentou um programa, apresentou uma ideia que é levada a sufrágio e, portanto, que é validada em eleições, tem toda a legitimidade para definir prioridades, para definir o rumo”, “e as pessoas da Direção Executiva têm também toda a legitimidade para estarem alinhadas ou não com esta visão”, desenvolveu Xavier Barreto. “Não sei, como lhe disse, exatamente quais foram os detalhes que levaram a esta demissão, só as partes diretamente envolvidas é que saberão. Lamento que tenha acontecido, como lhe disse, e espero que muito rapidamente a normalidade seja reposta com a nomeação de uma nova equipa”, concluiu.
Questionado sobre as reivindicações dos administradores hospitalares, Xavier Barreto mencionou a Revolução dos Cravos, que comemora amanhã o seu 50.º aniversário: “Os administradores hospitalares estão numa situação que é absolutamente inaceitável. Nós, enquanto sociedade, não deveríamos aceitar que 50 anos depois do 25 de Abril existissem trabalhadores da administração pública (neste caso, no Serviço Nacional de Saúde) que não tivessem o seu trabalho regulamentado, que não tivessem avaliação de desempenho, que estivessem sem desenvolvimento profissional há mais de 20 anos.”
Xavier Barreto espera que o Governo priorize este tema: a revisão da carreira de administração hospitalar “tem que acontecer com a maior brevidade, com urgência, até”. “Não falámos ainda com a senhora ministra, ainda não fomos convocados para reunião, não temos ainda resposta ao nosso pedido de reunião, e, portanto, até lá teremos que aguardar para saber exatamente quais são as intenções da senhora ministra”, adiantou o presidente da APAH.
HN/Rita Antunes
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