As declarações surgem no âmbito do XXIII Congresso de Nutrição e Alimentação. A especialista Carla Guimarães participou hoje na sessão “Os Desafios na Doença Inflamatória do Intestino”, onde destacou o papel da dieta alimentar.
Em declarações ao nosso jornal, a nutricionista sublinhou que “a evidência científica cada vez mais nos mostra que a alimentação tem um papel determinante na doença inflamatória do intestino. Sabemos que as pessoas que seguem uma alimentação mais ocidental têm um risco acrescido de vir a desenvolver DII. Portanto, é muito importante preconizar uma dieta mediterrânica”.
Apesar de existirem estudos a destacarem o papel das alterações alimentares na DII, a nutricionista da Associação Portuguesa da Doença Inflamatória do Intestino revela que a APDI recebe cada vez mais doentes com dietas altamente restritivas.
“Na associação, o que notamos é que há muitos doentes que seguem dietas isentas em gluten e lactose… Não há evidência científica que essas dietas tragam benefícios para todos os doentes com doença inflamatória do intestino. É por isso que temos de analisar caso a caso”, disse.
Por outro lado, a associação recebe doentes com dietas desequilibradas. “Muitas pessoas seguem dietas com baixo consumo de legumes e frutas devido ao receio de vir a agudizar a doença. Mas é preciso frisar que isso não está provado. Portanto, temos de ajudar estas pessoas a reintroduzir esses alimentos que sabemos que também são altamente protetores e que têm imensos efeitos benéficos para a saúde.”
A especialista explicou que atualmente as pessoas procuram “soluções terapêuticas mais ‘naturais'”. “Os doentes querem cada vez mais optar pela dieta como tratamento. No entanto, a evidência científica mostra-nos que ainda não temos uma alimentação convencional que sirva como tratamento da doença. É por isso que nesta conferência sublinhamos a importância da utilização de fórmulas desenvolvidas em laboratório e da dieta.”
Apesar da dieta ter um papel essencial, a nutricionista relembra: “Não temos uma solução que sirva para todos os doentes. É por isso que o conselho que eu deixo é que falem com o vosso gastrenterologista e o vosso nutricionista.”
HN/VC
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