“As evidências sugerem que níveis de PA superiores ao normal durante a noite estão associados a um maior risco de eventos cardiovasculares. No entanto, os ensaios que avaliaram o impacto da administração de medicamentos para reduzir a PA à noite mostraram resultados mistos. Nesta meta-análise, reunimos todos os dados dos ensaios e concluímos que o momento da toma não afeta os resultados”, explicou o apresentador do estudo, Professor Ricky Turgeon, da Universidade da Colúmbia Britânica, Vancouver, Canadá.
Foi realizada uma revisão sistemática e meta-análise que incluiu todos os ensaios clínicos aleatorizados de grupos paralelos, comparando a administração noturna e matinal de todos os medicamentos para reduzir a PA. Os estudos tinham de ter pelo menos um resultado cardiovascular de interesse, com um seguimento de ≥500 doentes-ano por grupo e um seguimento médio ≥12 meses. Os ensaios foram avaliados utilizando a ferramenta Cochrane Risk of Bias 2.
O endpoint primário foi o conjunto de eventos cardiovasculares adversos major (MACE, um composto de morte por qualquer causa, enfarte do miocárdio não fatal, acidente vascular cerebral não fatal e exacerbação da insuficiência cardíaca). Os endpoints secundários incluíram componentes individuais do MACE, hospitalização por todas as causas e eventos de segurança específicos (fraturas, eventos relacionados com glaucoma e agravamento cognitivo).
Foram incluídos cinco ECR com 46.606 doentes – BedMed, BedMed-Frail, TIME, Hygia e MAPEC. Os ensaios BedMed, BedMed-Frail e TIME foram considerados como tendo um baixo risco geral de viés, enquanto houve algumas preocupações de viés com Hygia e MAPEC, particularmente em relação ao processo de aleatorização.
Nos cinco ensaios, a incidência de MACE não foi afetada pela toma noturna vs. matinal (hazard ratio [HR] 0,71; intervalo de confiança de 95% [IC] 0,43-1,16). Numa análise de sensibilidade por risco de viés, o HR foi de 0,94 (IC 95% 0,86-1,03) para MACE com toma noturna vs. matinal nos três ensaios considerados de baixo viés e 0,43 (IC 95% 0,26-0,72) nos dois ensaios com preocupações de viés.
Não houve diferença na mortalidade por todas as causas para a toma noturna e matinal (HR 0,77; IC 95% 0,51-1,16). Da mesma forma, todos os outros endpoints secundários não foram afetados pela toma noturna vs. matinal, incluindo fraturas, eventos de glaucoma e eventos cognitivos.
“Os resultados da meta-análise fornecem evidências conclusivas de que não há diferença entre a toma noturna e matinal. Os doentes devem tomar os seus medicamentos para reduzir a PA uma vez por dia, no momento que melhor se adequa às suas preferências e circunstâncias”, concluiu o Professor Turgeon.
Bibliografia:
1‘Meta-analysis of trials of antihypertensive medication bedtime dosing including individual-patient data from BedMed and BedMed-Frail’ will be discussed during Hot Line 2 on Saturday 31 August in room London.
2‘The BedMed and BedMed-Frail randomised controlled trials – Effect of antihypertensive timing on mortality and morbidity’ will be discussed during Hot Line 2 on Saturday 31 August in room London.
NR/HN/alphagalileo
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