Pedro Pita Barros: “USF modelo C não são um objetivo, mas um instrumento”

5 de Setembro 2024

O sucesso das USF modelo C depende da capacidade de atrair profissionais que não estão no SNS, sendo crucial uma forte capacidade técnica na elaboração dos contratos" - Pedro Pita Barros, Professor da Nova SBE

O Professor Pedro Pita Barros, especialista em economia da saúde e professor da Nova School of Business and Economics (Nova SBE), faz uma análise, no seu blog “Momentos Económicos” do recente anúncio da Ministra da Saúde sobre a criação de Unidades de Saúde Familiar (USF) modelo C. Embora previstas há décadas, o professor ressalta a importância de compreender as potenciais vantagens e os riscos associados a esta iniciativa.
Segundo Pita Barros, o principal benefício para os cidadãos seria a possibilidade de mais pessoas terem um médico de família atribuído, caso as USF modelo C consigam atrair novos profissionais para o Serviço Nacional de Saúde (SNS). No entanto, alerta para o risco de desvio de médicos das USF atuais para o novo modelo, o que poderia comprometer os ganhos esperados.
Para os profissionais de saúde, as USF modelo C ofereceriam maior autonomia de organização, mas também uma maior incerteza financeira, uma vez que o pagamento estaria vinculado a contratos-programa baseados em objetivos. O professor destaca a importância de estabelecer horizontes temporais adequados para esses contratos e garantir a capacidade do SNS de intervir em caso de mau desempenho ou ameaça de encerramento das unidades.
Pita Barros enfatiza que o sucesso da iniciativa depende da capacidade das USF modelo C em atrair profissionais que atualmente não estão no SNS. Para tanto, será necessária uma forte capacidade técnica na elaboração dos contratos. O especialista também sugere explorar variantes do modelo B atual, a partir de propostas dos próprios profissionais de saúde.
Por fim, o docente universitário esclarece que as USF modelo C não são um objetivo em si, mas um instrumento para ampliar a cobertura da população por médicos de família. Embora reconheça que o envolvimento de parceiros privados possa suscitar debates ideológicos, ele ressalta que o foco deve estar em discutir as condições em que esse modelo pode ser útil e em abandoná-lo caso não produza os resultados desejados.

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NR/HN

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