A 01 de setembro, após a descoberta do primeiro caso de poliomielite em Gaza em 25 anos, a OMS, com a ajuda de “pausas humanitárias” nos combates, deu início a uma campanha de grande envergadura destinada a vacinar 640.000 crianças com menos de dez anos.
Depois do centro e do sul da Faixa de Gaza, a campanha desloca-se para norte de 10 a 12 de setembro, declarou aos jornalistas o porta-voz da OMS, Tarik Jasarevic.
O objetivo é evitar a propagação do poliovírus circulante oriundo de uma estirpe vacinal do tipo 2 (cVDPV2). Duas gotas da vacina nVPO2 devem ser administradas com quatro semanas de intervalo.
Maher Shamiya, vice-ministro da Saúde da Faixa de Gaza, governada pelo Hamas, disse à agência noticiosa France-Presse (AFP) que 230 equipas estavam a trabalhar para distribuir as vacinas e que já se tinha registado “uma grande afluência de famílias que querem vacinar os filhos”.
“Vim para proteger os meus filhos da poliomielite”, disse Samah Yahya, 38 anos, mãe de dois filhos, da cidade de Gaza.
Em agosto, o Ministério da Saúde de Gaza comunicou o primeiro caso de poliomielite em 25 anos no território palestiniano, devastado pela guerra entre Israel e o movimento islâmico palestiniano Hamas e que se encontra numa situação de catástrofe humanitária.
As vacinas, o equipamento da cadeia de frio e outros fornecimentos foram entregues no norte de Gaza, sublinhou o porta-voz da OMS.
No entanto, Jasarevic lamentou o facto de uma missão da OMS que transportava combustível para os hospitais e para os veículos da campanha contra a poliomielite, bem como peritos responsáveis pelo controlo da campanha, ter sido impedida” de prosseguir caminho.
“A missão esperou três horas para receber luz verde de Israel, mais tarde cinco horas no ponto de espera, após o que a missão teve de ser cancelada”, explicou.
A OMS está preocupada com o facto de certos setores do norte de Gaza estarem a ser atingidos por ordens de retirada israelitas, apesar de fazerem parte de zonas onde foram acordadas pausas humanitárias.
Jasarevic afirmou que uma outra missão da OMS, para chegar ao maior hospital de Gaza – al-Shifa, no norte – também tinha sido “obstruída” na segunda-feira por Israel. Trata-se da quarta vez em quatro dias que a OMS não consegue aceder a este hospital.
“Apelamos a um acesso seguro e sustentável ao norte e a um sistema de confiança que funcione, o que continua a ser um desafio após 11 meses de guerra”, disse o porta-voz da OMS, afirmando que o número de pedidos recusados de acesso ao norte “duplicou em agosto em relação aos meses anteriores”.
O porta-voz da ONU, Jens Laerke, disse também aos jornalistas que, das 208 tentativas de acesso da organização ao norte da Faixa de Gaza em agosto, apenas 74 resultaram na entrega da ajuda prevista.
“Pelo menos 44 foram obstruídas, o que significa que foram bloqueadas ou atrasadas no terreno, levando ao cancelamento de algumas delas, enquanto 72 foram simplesmente recusadas”, disse Laerke, acrescentando que as outras foram canceladas pela ONU por razões logísticas, operacionais ou de segurança.
O ataque de 07 de outubro de 2023 do Hamas a Israel causou a morte de 1.205 pessoas, na maioria civis, de acordo com uma contagem da AFP baseada em dados oficiais israelitas.
Em resposta, Israel lançou uma ofensiva em grande escala em Gaza, que causou a morte de mais de 41.000 pessoas, de acordo com o Ministério da Saúde do governo do Hamas.
LUSA/HN
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