‘Likes’ nas redes sociais afetam diretamente humor dos jovens

27 de Outubro 2024

Investigadores da Universidade de Amesterdão demonstram pela primeira vez, com dados reais, que jovens são mais sensíveis ao feedback nas redes sociais do que adultos, afetando humor e comportamento.

Uma equipa de investigadores liderada pela Universidade de Amesterdão revelou dados inéditos sobre o impacto das redes sociais nos jovens, utilizando pela primeira vez dados reais para demonstrar que os adolescentes são particularmente sensíveis ao feedback recebido através de “likes”, com consequências diretas no seu humor e níveis de envolvimento nas plataformas.

O estudo, publicado a 23 de outubro na revista Science Advances, surge num contexto em que as redes sociais são parte integrante do desenvolvimento dos jovens, gerando preocupações crescentes sobre o seu impacto no bem-estar psicológico e social desta faixa etária.

A investigação baseou-se numa abordagem tripla: primeiro, analisou um extenso conjunto de publicações reais do Instagram, utilizando um modelo computacional para medir a sensibilidade aos “likes”; segundo, realizou um estudo experimental que simulou características das plataformas sociais para monitorizar alterações de humor; e terceiro, desenvolveu um estudo exploratório de neuroimagem que relacionou a sensibilidade ao feedback das redes sociais com diferenças individuais no volume da amígdala cerebral.

Os resultados revelaram um paradoxo interessante: enquanto receber “likes” gera um sentimento de conexão e pode melhorar o humor dos jovens, este efeito positivo pode também criar uma atração tão forte pelas aplicações que pode levar a um uso problemático. Por outro lado, devido à sua maior sensibilidade, os jovens tendem a abandonar as plataformas mais rapidamente que os adultos quando não recebem “likes”, o que pode resultar numa deterioração do humor.

A adolescência, sendo um período crucial marcado por uma sensibilidade aumentada à aprovação e rejeição dos pares, torna os jovens particularmente vulneráveis aos efeitos das redes sociais. Esta característica desenvolvimental intensifica tanto os benefícios como os riscos associados ao uso destas plataformas.

Face aos resultados, os investigadores sugerem duas principais intervenções: primeiro, as plataformas deveriam modificar as suas estruturas de incentivo, reduzindo a ênfase nos “likes” e privilegiando formas de envolvimento mais significativas; segundo, em vez de focar apenas na literacia digital dos jovens – que já demonstram considerável conhecimento nesta área – seria mais importante desenvolver competências de regulação emocional em ambientes online.

O estudo sublinha que, embora as redes sociais desempenhem um papel importante em alguns aspectos do desenvolvimento juvenil, como a formação da identidade e a conexão social, também apresentam desafios significativos, particularly relacionados com o humor dos jovens.

NR/HN/Alphagalileo

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