Agricultores do Litoral Alentejano pedem menos burocaria para vacinar animais contra doença da língua azul

30 de Outubro 2024

A associação de agricultores do litoral alentejano alertou hoje que a burocracia para vacinar os animais contra o novo serotipo da língua azul, cuja autorização demora “entre duas a três semanas”, pode prejudicar o controlo da doença.

“Além de [a vacina] ser cara, demora muito [a ser administrada] porque o produtor tem de fazer um pedido de autorização especial à DGAV [Direção Geral da Alimentação e Veterinária] e só após esse pedido ter sido autorizado é que o armazenista pode dispensar a vacina”, explicou Brigite Martins, da associação de agricultores do litoral alentejano.

Em declarações à agência Lusa, a dirigente precisou que, entre o pedido à DGAV e a autorização para aplicar a vacina, que tem um custo de “três euros”, podem passar “entre duas a três semanas”.

“O produtor até tem interesse em vacinar o rebanho” para evitar prejuízos, “só que o tempo que isto demora os animais já estão contaminados e acaba por desistir da vacina”, afirmou.

À Lusa, Brigite Martins deu o exemplo da associação ACOS – Agricultores do Sul, com sede em Beja, que “no pico de um dia muito mau, no verão, tem 400 recolhas para fazer e agora já tem duas mil” recolhas.

Questionada sobre a proliferação da doença da língua azul à região do litoral alentejano, a dirigente indicou que existem apenas “casos pontuais” e alguns “relatos”, principalmente “na zona de Odemira”, no distrito de Beja.

“Já começamos a ter casos pontuais, além de serem mais concentrados, ainda são poucos animais afetados, ou seja, ainda não temos efetivos na totalidade contaminados” neste território, acrescentou.

No entanto, insistiu, os produtores “estão todos à espera que venham as autorizações para poder vacinar, porque estamos a falar de alguns com rebanhos de cinco mil ovelhas”.

“A vacina tem de ser mais célere para que assim que temos os primeiros locais contaminados, possamos tratar logo de vacinar todos os efetivos”, concluiu.

A língua azul, que não é transmissível a humanos, é de declaração obrigatória e as explorações onde seja confirmada a doença ficam impedidas de movimentar animais durante 60 dias.

A ‘ganhar terreno’ no Alentejo, a doença da língua azul está a dizimar rebanhos e já matou milhares de animais, provocando prejuízos aos criadores, que se queixam de falta de apoios.

A Confederação dos Agricultores de Portugal (CAP) já reclamou a intervenção urgente do Governo, enquanto a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) pediu uma campanha de vacinação gratuita dos animais e um apoio extraordinário aos produtores.

NR/HN/Lusa

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