A indústria farmacêutica está a atravessar uma profunda transformação tecnológica, com três em cada quatro empresas a utilizarem Inteligência Artificial (IA) no desenvolvimento dos seus produtos e serviços. Esta conclusão surge do mais recente relatório Ascendant da Minsait, que analisa o impacto desta tecnologia no sector.

O estudo, intitulado “AI: raio-x de uma revolução em curso”, revela que 45% das empresas farmacêuticas aplicam IA em gestão de riscos e cibersegurança, enquanto 36% a utilizam em marketing e vendas. Na área específica da análise de doenças, 33% das empresas já implementaram soluções de IA, e 29% utilizam esta tecnologia no desenvolvimento e fabrico de medicamentos.

A excelência operacional emerge como principal motivação para a adopção de IA, com 70% das empresas a procurarem maior eficiência nas suas operações. A melhoria na tomada de decisão (34%) e o aperfeiçoamento da experiência do cliente (31%) surgem como objectivos secundários significativos.

No entanto, o sector enfrenta desafios importantes na implementação desta tecnologia. A escassez de profissionais especializados (36%), a falta de visão estratégica da gestão de topo (35%) e a incerteza regulamentar (31%) são apontadas como as principais barreiras à adopção da IA.

O impacto económico do sector farmacêutico é significativo, gerando 300 mil milhões de euros na economia europeia e contribuindo com 175 mil milhões de euros para a balança comercial da UE. Em Portugal, o sector representa um volume de negócios superior a 15 mil milhões de euros, segundo dados do Banco de Portugal de 2023.

Luis Monção, director de Indústria e Consumo da Minsait em Portugal, sublinha que a IA se tornou uma ferramenta essencial para aumentar a competitividade empresarial, transformar produtos e serviços, e optimizar processos de decisão. O responsável antecipa investimentos significativos do sector farmacêutico em produção, digitalização, investigação e sustentabilidade nos próximos anos, com a IA a desempenhar um papel crucial nesta evolução.

O relatório, que representa a quinta edição do estudo Ascendant, baseou-se na análise de mais de 900 organizações de diversos países, incluindo Portugal, abrangendo 15 sectores de actividade diferentes, proporcionando assim uma visão abrangente do estado actual da adopção da IA no sector farmacêutico.