Saúde portuguesa contribui mais para emissões que média global

18 de Novembro 2024

Na COP29, o Conselho Português para a Saúde e Ambiente defende papel central do setor da saúde no combate ambiental, revelando que Portugal supera média global de emissões do setor.

Numa intervenção histórica na Conferência das Alterações Climáticas das Nações Unidas (COP29), em Baku, Azerbaijão, o presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), Luís Campos, defendeu hoje a necessidade do setor da saúde assumir um papel de vanguarda no combate às alterações climáticas.

A sessão, que decorreu no pavilhão português e contou com a participação de Christopher Gormley, Chief Sustainability Officer do NHS England, marcou a primeira vez que a delegação portuguesa abordou a temática da saúde numa COP. O evento focou-se na urgência de reduzir a pegada ambiental dos sistemas de saúde, revelando dados preocupantes sobre o impacto do setor em Portugal.

Os números apresentados mostram que o sistema de saúde português é responsável por 4,8% das emissões totais de gases com efeito de estufa do país, superando a média global de 4,4%. Esta revelação surge num momento em que o CPSA intensifica o seu apelo para o reconhecimento da crise climática como uma questão primordial de saúde pública.

O setor da saúde enfrenta desafios significativos não apenas relacionados com as emissões, mas também com a produção de resíduos, particularmente plásticos e medicamentos, que representam uma ameaça substancial tanto para os ecossistemas como para a saúde humana. Esta realidade exige uma resposta urgente e coordenada do setor.

A adaptação do sistema de saúde às novas condições impostas pelas alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade emerge como uma prioridade incontornável. O CPSA defende uma abordagem dupla: por um lado, a necessidade de adaptar as infraestruturas e práticas do setor às novas realidades climáticas; por outro, o imperativo de envolver ativamente os profissionais de saúde na promoção de comportamentos que conjuguem benefícios para a saúde com sustentabilidade ambiental.

Esta primeira participação do setor da saúde português numa COP representa um momento decisivo no reconhecimento da interligação fundamental entre saúde pública e ambiente. A conferência, que decorre até 22 de novembro, oferece uma plataforma única para Portugal demonstrar o seu compromisso com a transformação do setor da saúde num agente ativo na luta contra as alterações climáticas.

A presença portuguesa na COP29 sinaliza também uma mudança de paradigma na forma como o país aborda as questões ambientais, reconhecendo que as soluções para a crise climática requerem uma transformação profunda em setores tradicionalmente não associados à agenda ambiental, como é o caso da saúde.

Este marco histórico estabelece as bases para um diálogo continuado sobre como o sistema de saúde português pode reduzir o seu impacto ambiental, mantendo e melhorando simultaneamente a qualidade dos cuidados prestados à população. A iniciativa do CPSA abre caminho para uma nova era na gestão da saúde em Portugal, onde sustentabilidade ambiental e excelência nos cuidados de saúde convergem como prioridades complementares e indissociáveis.

PR/HN/MMM

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