Numa intervenção histórica na Conferência das Alterações Climáticas das Nações Unidas (COP29), em Baku, Azerbaijão, o presidente do Conselho Português para a Saúde e Ambiente (CPSA), Luís Campos, defendeu hoje a necessidade do setor da saúde assumir um papel de vanguarda no combate às alterações climáticas.
A sessão, que decorreu no pavilhão português e contou com a participação de Christopher Gormley, Chief Sustainability Officer do NHS England, marcou a primeira vez que a delegação portuguesa abordou a temática da saúde numa COP. O evento focou-se na urgência de reduzir a pegada ambiental dos sistemas de saúde, revelando dados preocupantes sobre o impacto do setor em Portugal.
Os números apresentados mostram que o sistema de saúde português é responsável por 4,8% das emissões totais de gases com efeito de estufa do país, superando a média global de 4,4%. Esta revelação surge num momento em que o CPSA intensifica o seu apelo para o reconhecimento da crise climática como uma questão primordial de saúde pública.
O setor da saúde enfrenta desafios significativos não apenas relacionados com as emissões, mas também com a produção de resíduos, particularmente plásticos e medicamentos, que representam uma ameaça substancial tanto para os ecossistemas como para a saúde humana. Esta realidade exige uma resposta urgente e coordenada do setor.
A adaptação do sistema de saúde às novas condições impostas pelas alterações climáticas, poluição e perda de biodiversidade emerge como uma prioridade incontornável. O CPSA defende uma abordagem dupla: por um lado, a necessidade de adaptar as infraestruturas e práticas do setor às novas realidades climáticas; por outro, o imperativo de envolver ativamente os profissionais de saúde na promoção de comportamentos que conjuguem benefícios para a saúde com sustentabilidade ambiental.
Esta primeira participação do setor da saúde português numa COP representa um momento decisivo no reconhecimento da interligação fundamental entre saúde pública e ambiente. A conferência, que decorre até 22 de novembro, oferece uma plataforma única para Portugal demonstrar o seu compromisso com a transformação do setor da saúde num agente ativo na luta contra as alterações climáticas.
A presença portuguesa na COP29 sinaliza também uma mudança de paradigma na forma como o país aborda as questões ambientais, reconhecendo que as soluções para a crise climática requerem uma transformação profunda em setores tradicionalmente não associados à agenda ambiental, como é o caso da saúde.
Este marco histórico estabelece as bases para um diálogo continuado sobre como o sistema de saúde português pode reduzir o seu impacto ambiental, mantendo e melhorando simultaneamente a qualidade dos cuidados prestados à população. A iniciativa do CPSA abre caminho para uma nova era na gestão da saúde em Portugal, onde sustentabilidade ambiental e excelência nos cuidados de saúde convergem como prioridades complementares e indissociáveis.
PR/HN/MMM
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