O Grupo de Estudos da Doença Inflamatória Intestinal (GEDII) celebra este ano o seu 20º aniversário, marcando duas décadas de contribuições significativas para o avanço da investigação e tratamento da Doença Inflamatória Intestinal (DII) em Portugal. Desde a sua fundação, o GEDII tem sido um pilar fundamental no desenvolvimento científico e clínico nesta área, alcançando marcos impressionantes que solidificaram sua posição como líder nacional na busca de conhecimento sobre diagnóstico, monitorização e abordagem terapêutica da DII.
Ao longo destes 20 anos, o GEDII produziu 20 estudos científicos de grande relevância e publicou 89 artigos em revistas científicas indexadas com elevado fator de impacto, demonstrando o compromisso do grupo com a excelência académica e a disseminação do conhecimento. O investimento na formação de novos investigadores também foi uma prioridade, com a atribuição de 39 bolsas de investigação, num valor total de 800.000 euros, e o apoio a 14 doutoramentos, contribuindo assim para a formação de uma nova geração de especialistas em DII.
A realização de 15 reuniões anuais, que contaram com a participação de 80 oradores internacionais, proporcionou um fórum crucial para a troca de ideias e experiências entre profissionais de saúde e investigadores. Estas reuniões não só facilitaram a disseminação dos mais recentes avanços na área, mas também promoveram colaborações internacionais valiosas. Complementando estas iniciativas, o GEDII organizou 31 cursos de formação, reforçando o seu compromisso com a educação contínua e a atualização dos profissionais de saúde.
O Professor Fernando Magro, membro da Direção do GEDII, expressou o seu orgulho pelas conquistas do grupo: “Estamos extremamente orgulhosos de tudo o que foi conquistado nos últimos 20 anos. Este marco é uma prova do trabalho árduo, da inovação e da dedicação de toda a equipa. Iremos continuar a priorizar a excelência académica e clínica, assim como a promover a multidisciplinaridade e a implementação de critérios de qualidade nos centros de tratamento de Doença Inflamatória Intestinal.”
Um dos principais feitos do GEDII foi a criação de uma estrutura organizacional robusta dedicada ao ensino, desenvolvimento e fomento da ciência no âmbito da DII. Esta estrutura tem sido fundamental para impulsionar a investigação e melhorar os cuidados aos pacientes em todo o país. O grupo esteve na vanguarda da procura por novos biomarcadores, alvos terapêuticos dirigidos e terapêutica personalizada, contribuindo significativamente para o avanço do tratamento da DII.
Além disso, o GEDII destacou-se como líder mundial na exploração de novos “end-points” terapêuticos, como a resposta e remissão histológica, e a melhoria endoscópica-histológica da mucosa. Estas inovações têm sido cruciais para melhorar a eficácia dos tratamentos e a qualidade de vida dos pacientes com DII.
Nos últimos anos, o grupo testemunhou uma evolução significativa em várias áreas do conhecimento relacionadas com a DII. No campo do diagnóstico, a utilização de técnicas de imagem avançadas, como TAC, RMN e ultrassonografia, tornou-se fundamental para avaliar a extensão da inflamação e os seus múltiplos componentes. Esta abordagem mais precisa permite um diagnóstico mais precoce e uma melhor compreensão da progressão da doença.
A monitorização da DII também evoluiu consideravelmente, com o desenvolvimento de índices de atividade clínica mais refinados e o uso de biomarcadores mais específicos. O GEDII tem sido pioneiro na busca por métodos para detetar a inflamação subclínica, visando alterar o prognóstico da doença através de intervenções mais precoces e direcionadas.
No campo terapêutico, o grupo tem estado na vanguarda da investigação e implementação de novos fármacos que têm revolucionado o tratamento da DII. Estes avanços têm permitido aumentar significativamente a qualidade de vida dos doentes, oferecendo opções de tratamento mais eficazes e com menos efeitos secundários.
Um dos conceitos mais importantes que o GEDII ajudou a desenvolver e promover foi o de alvo terapêutico bem definido, acompanhado de monitorização contínua e tratamento precoce. Esta abordagem, que enfatiza a importância de intervir numa janela de oportunidade crítica, tem demonstrado melhorar significativamente os resultados a longo prazo para os pacientes com DII.
O Professor Fernando Magro refletiu sobre a evolução dos objetivos do grupo ao longo dos anos: “Com os avanços constantes, os objetivos definidos há 20 anos foram inevitavelmente mudando, mas o Grupo fez os ajustes necessários para acompanhar a evolução. Um dos maiores desafios iniciais foi criar um grupo motivado, empenhado, com energia empreendedora e vontade de fazer o que nunca tinha sido alcançado, isto é, sermos ambiciosos, diferentes e com capacidade edificadora. Neste momento o maior desafio é criar uma estrutura sólida e passar o testemunho às novas gerações.”
Olhando para o futuro, o GEDII tem planos ambiciosos para continuar a sua trajetória de excelência e inovação. Um dos projetos mais promissores é o estudo aprofundado do microbioma fecal, com o objetivo de identificar fatores prognósticos e preditivos na DII. Esta investigação visa estabelecer correlações entre a atividade da doença, a lesão da mucosa, o microbioma e a efetividade terapêutica, potencialmente abrindo novas vias para tratamentos personalizados e mais eficazes.
A celebração dos 20 anos do GEDII não é apenas um momento de reflexão sobre as conquistas passadas, mas também uma oportunidade para reafirmar o compromisso do grupo com a investigação de ponta e o cuidado centrado no paciente. Com uma base sólida de conhecimento acumulado e uma rede de colaboradores dedicados, o GEDII está bem posicionado para enfrentar os desafios futuros no campo da DII.
O impacto do trabalho do GEDII estende-se muito além das fronteiras de Portugal, influenciando práticas clínicas e diretrizes de tratamento em todo o mundo. A dedicação do grupo à excelência científica, combinada com um forte espírito de colaboração e inovação, continua a inspirar a comunidade médica e científica, prometendo avanços ainda mais significativos nas próximas décadas no tratamento e compreensão da Doença Inflamatória Intestinal.
PR/HN/MMM
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