IA prevê perdas auditivas: Inovação da Universidade de Coimbra

9 de Dezembro 2024

Investigadores da Universidade de Coimbra desenvolvem modelos de IA para prever perdas auditivas, apoiando profissionais de saúde e democratizando o acesso aos cuidados auditivos

Investigadores do Departamento de Engenharia Informática (DEI) da Faculdade de Ciências e Tecnologia da Universidade de Coimbra (FCTUC) criaram modelos de inteligência artificial (IA) para prever possíveis perdas auditivas. Esta inovação visa apoiar profissionais de saúde na tomada de decisões e melhorar o acesso aos cuidados de saúde auditiva.

O projeto, denominado Audiology for All (A4A), foi realizado em colaboração com a Escola Superior de Saúde de Coimbra e o Departamento de Engenharia Eletrotécnica e de Computadores (DEEC) da FCTUC, sob a liderança da empresa Sensing Evolution.
Nuno Lourenço (na imagem), docente do DEI e investigador do Centro de Informática e Sistemas da Universidade de Coimbra (CISUC), explicou que a equipa analisou diversas bases de dados para identificar áreas com maior incidência de perda auditiva e fatores de risco associados. Um dos resultados mais significativos foi a descoberta de uma ligação entre a proximidade a zonas industriais e aeroportos e o aumento de casos de perda auditiva.

O estudo também revelou que o nível de escolaridade e a capacidade económica têm uma influência significativa na aquisição de aparelhos auditivos, sendo estes muitas vezes inacessíveis para famílias com menor rendimento.

Além de criar modelos de recomendação para os técnicos de saúde, o projeto integrou visualizações de dados para ajudar a população a compreender a importância dos rastreios auditivos regulares. A ferramenta desenvolvida forneceu indicações claras sobre as áreas geográficas mais propensas a problemas auditivos, motivando ações direcionadas, como campanhas de rastreio em locais específicos.

Apesar dos desafios iniciais, incluindo a pandemia de COVID-19 que limitou a recolha de amostras representativas, o projeto alcançou um sucesso considerável ao expandir a base de dados e gerar recomendações precisas. O impacto positivo levou a empresa Sensing Evolution a considerar a expansão da iniciativa para Espanha e Reino Unido.

O próximo passo do projeto é adaptar a metodologia desenvolvida para outros tipos de rastreios, como os de diabetes e doenças cardiovasculares, testando a aplicabilidade dos modelos noutras áreas da saúde preventiva. Nuno Lourenço salientou que, embora os algoritmos necessitem de ajustes, a base metodológica pode ser amplamente aplicada, dependendo da qualidade dos dados disponíveis.

O projeto A4A pretende continuar a impulsionar a inovação na saúde auditiva, bem como noutros setores de rastreios de saúde em Portugal e, potencialmente, a nível mundial. Esta iniciativa representa um avanço significativo na utilização da inteligência artificial para melhorar os cuidados de saúde preventivos e torná-los mais acessíveis a um maior número de pessoas.

PR/HN/MMM

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