O 9º Barómetro da Saúde Oral 2024, realizado pela Ordem dos Médicos Dentistas (OMD), revela um cenário preocupante para a saúde oral dos portugueses. Cerca de 300 mil pessoas, representando 30% dos que nunca vão ou vão menos de uma vez por ano ao médico dentista, apontam a falta de dinheiro como razão principal para não realizarem consultas de medicina dentária. Este número representa um agravamento de 5,6 pontos percentuais em relação a 2023.
O estudo mostra que mais de 1 milhão de portugueses nunca vai ou vai menos de uma vez por ano ao médico dentista. Em contraste, 65,4% dos inquiridos afirmam realizar consultas pelo menos uma vez por ano, uma ligeira melhoria de 1 ponto percentual face ao ano anterior. No entanto, a percentagem de pessoas que nunca marcou uma consulta para check-up aumentou 3,6 pontos percentuais, atingindo 27,4%.
A falta de acesso a cuidados de saúde oral reflete-se no estado da dentição dos portugueses. O barómetro revela que quase dois terços da população (65,7%) não tem pelo menos um dente, um agravamento de 6,8 pontos percentuais em relação a 2023. Mais preocupante ainda é o aumento de pessoas sem seis ou mais dentes, passando de 22,8% em 2023 para 28% em 2024.
As mulheres são as mais afetadas pela falta de dentes, com apenas 31,7% apresentando dentição completa, em comparação com 36,8% dos homens. Além disso, 31,4% das mulheres não têm seis ou mais dentes, contra 23,4% dos homens.
O relatório também aponta para uma deterioração nos hábitos de higiene oral. Em 2024, 74,4% dos inquiridos afirmam escovar os dentes pelo menos duas vezes por dia, uma diminuição de 4,4 pontos percentuais em relação a 2023. Preocupantemente, 6,1% dos inquiridos escovam os dentes menos de uma vez por dia, um aumento de 3,5 pontos percentuais.
Face a esta situação, 98,2% dos inquiridos consideram importante ou muito importante o acesso à Saúde Oral através do Serviço Nacional de Saúde (SNS). Além disso, 96,3% acreditam que o Governo deveria comparticipar os tratamentos dentários, tal como faz com os medicamentos. No entanto, apenas 2,5% dos portugueses acedem às consultas de medicina dentária via SNS ou cheque dentista, um ligeiro aumento de 0,5 pontos percentuais em relação ao ano anterior.
O bastonário da OMD, Miguel Pavão, alerta que “estes resultados envergonham o país e refletem a ausência de investimento na saúde oral”. Ele critica a falta de um Programa Nacional de Saúde Oral, prometido pelo Governo para o final de 2024, e apela para uma ação urgente que promova a articulação entre os setores público, privado e social.
Pavão enfatiza a necessidade de um programa prioritário para a saúde oral que envolva não só o Ministério da Saúde, mas também os da Segurança Social e da Juventude, visando a prevenção e intervenção em todas as fases da vida, especialmente junto dos grupos de risco.
Uma nota positiva do relatório é a diminuição contínua da percentagem de menores de 6 anos que nunca foram ao médico dentista. Este número caiu de 73,4% em 2021 para 49,6% em 2024, mostrando uma tendência positiva na consciencialização da importância da saúde oral desde tenra idade.
O Barómetro da Saúde Oral 2024 destaca a urgência de medidas concretas para melhorar o acesso e a qualidade dos cuidados de saúde oral em Portugal, especialmente considerando o impacto significativo que a saúde oral tem na saúde geral e na qualidade de vida dos cidadãos.
PR/HN/MM
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