USF-AN Critica Decisão de Vacinar nas Farmácias: ‘Ameaça ao PNV e ao SNS

23 de Janeiro 2025

USF-AN contesta decisão do Ministério da Saúde de permitir vacinação Td e pneumocócica nas farmácias. Associação alerta para riscos ao Programa Nacional de Vacinação e ao SNS, exigindo justificação

A Associação Nacional de Unidades de Saúde Familiar (USF-AN) manifesta em comunicado enviado Às redações forte preocupação com a recente decisão do Ministério da Saúde de permitir a administração das vacinas antitetânica/diftérica (Td) e pneumocócica nas farmácias comunitárias. Esta medida, segundo a associação, representa uma ameaça ao Programa Nacional de Vacinação (PNV) e ao Serviço Nacional de Saúde (SNS) em Portugal.

A USF-AN argumenta que o PNV, implementado desde 1965 e baseado nos Cuidados de Saúde Primários (CSP), tem sido extremamente eficaz na redução da morbilidade e mortalidade causadas por doenças evitáveis pela vacinação. A associação questiona a fundamentação técnica para esta alteração de paradigma, considerando que a estratégia vacinal portuguesa é reconhecida como uma das melhores do mundo.

A organização alerta que esta decisão pode resultar na descapitalização do SNS e no desvio de verbas públicas para o setor privado. Além disso, a USF-AN destaca que a medida desconsidera os resultados positivos alcançados na promoção de elevadas taxas de cobertura vacinal em Portugal, elogiados por organismos internacionais como a OCDE.

A associação apresenta dados comparativos entre a vacinação realizada nos centros de saúde e nas farmácias durante a campanha de vacinação sazonal contra a gripe e a COVID-19. Segundo estes dados, os CSP demonstraram maior eficácia, especialmente na vacinação da população com 85 ou mais anos, onde se atingiram as metas estabelecidas em tempo útil.

A USF-AN também levanta questões sobre os custos adicionais para o Estado associados à vacinação nas farmácias. A associação estima que, até à data, aproximadamente 6,5 milhões de euros foram gastos com as farmácias neste processo, em contraste com a vacinação realizada nos CSP, que não implica gastos adicionais significativos.

A organização enfatiza que a vacinação nos CSP permite um acompanhamento mais integrado do utente, facilitando o registo e monitorização das vacinas administradas, bem como a gestão de eventuais reações adversas. Além disso, argumenta que o papel central das equipas de saúde familiar no acompanhamento clínico e educativo dos utentes pode ser comprometido com o modelo de vacinação proposto pela tutela.

A USF-AN exige uma justificação clara e fundamentada do Ministério da Saúde sobre os motivos que levam à transferência de atividades da responsabilidade dos CSP para o setor privado. A associação apela a uma reavaliação desta decisão e promove um diálogo construtivo com os profissionais de saúde, visando o melhor interesse da população portuguesa.

Por fim, a USF-AN reafirma o seu compromisso em defender o SNS como o modelo central de vacinação em Portugal, enfatizando a importância da proximidade, organização e rigor técnico para garantir resultados superiores e maior confiança por parte da população.

PR/HN/MM

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Ronaldo Sousa: “a metáfora da invasão biológica é uma arma contra os migrantes”

Em entrevista exclusiva ao Health News, o Professor Ronaldo Sousa, especialista em invasões biológicas da Universidade do Minho, alerta para os riscos de comparar migrações humanas com invasões biológicas. Ele destaca como essa retórica pode reforçar narrativas xenófobas e distorcer a perceção pública sobre migrantes, enfatizando a necessidade de uma abordagem interdisciplinar para políticas migratórias mais éticas

OMS alcança acordo de princípio sobre tratado pandémico

Os delegados dos Estados membros da Organização Mundial da Saúde (OMS) chegaram este sábado, em Genebra, a um acordo de princípio sobre um texto destinado a reforçar a preparação e a resposta global a futuras pandemias.

Prémio Inovação em Saúde: IA na Sustentabilidade

Já estão abertas as candidaturas à 2.ª edição do Prémio “Inovação em Saúde: Todos pela Sustentabilidade”. Com foco na Inteligência Artificial aplicada à saúde, o concurso decorre até 30 de junho e inclui uma novidade: a participação de estudantes do ensino superior.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights