Formação contínua em Saúde em Portugal: Um desafio por superar

28 de Janeiro 2025

CEO da Health UP alerta para a necessidade de reformular a formação contínua em saúde em Portugal, adaptando-a às reais necessidades dos profissionais e promovendo uma cultura de aprendizagem ao longo da vida.

A formação contínua dos profissionais de saúde em Portugal enfrenta desafios significativos, ficando aquém das necessidades reais do setor. Margarete Cardoso, CEO da Health UP, destaca a importância de rever e adaptar os modelos de formação profissional contínua para atender às exigências diárias dos profissionais de saúde.O Centro Europeu para o Desenvolvimento da Formação Profissional (CEDEFOP) reconhece que a aprendizagem ao longo da vida para adultos continua a ser um desafio não apenas em Portugal, mas em toda a União Europeia. Dados de 2022 revelam que apenas 40% dos portugueses participaram em ofertas de educação ou qualificação, enquanto apenas metade participou em ações de formação na área digital.

Desafios na formação contínua em saúde

Margarete Cardoso identifica vários obstáculos à formação contínua eficaz:

  1. Muitas instituições limitam-se à formação obrigatória
  2. Profissionais de saúde frequentemente subestimam a necessidade de atualização contínua
  3. Pressões laborais, como sobrecarga de trabalho e burocracia excessiva, dificultam o investimento em formação
  4. Falta de políticas institucionais que incentivem a formação continuada
  5. Ausência de envolvimento das lideranças na promoção do desenvolvimento profissional

Mudança de paradigma necessária

A CEO da Health UP defende uma mudança fundamental na abordagem à formação profissional em saúde:

  1. Promover uma cultura organizacional que valorize o desenvolvimento profissional contínuo
  2. Lideranças devem encarar a formação como um investimento estratégico, não como um custo
  3. Criar ambientes que motivem os profissionais a participar em programas de formação
  4. Avaliar o impacto da formação na prática diária, nos resultados dos pacientes e no desempenho institucional

Margarete Cardoso enfatiza que esta mudança de paradigma resultará em profissionais de saúde mais competentes, motivados e preparados para enfrentar os desafios diários. Além disso, ressalta a importância de ver a formação contínua como um investimento não apenas nos profissionais, mas também na melhoria e modernização dos serviços prestados aos utentes. A implementação destas mudanças requer um esforço conjunto das instituições de saúde e dos governos, reconhecendo o papel crucial da formação contínua na garantia da qualidade dos cuidados prestados e na segurança dos pacientes. Ao adotar esta nova perspectiva, o setor de saúde português poderá enfrentar melhor os desafios futuros e oferecer um serviço de excelência à população.

PR/HN/MM

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