Uma equipa de investigadores da Universidade de Umeå, na Suécia, alcançou um avanço significativo na deteção de esporos bacterianos, desenvolvendo um método ultrassensível que combina nanociência e biofísica. Esta descoberta, publicada recentemente na revista científica ACS Sensors, promete revolucionar a segurança alimentar e os cuidados de saúde.
Os esporos bacterianos são conhecidos pela sua resistência extrema, sobrevivendo a condições que eliminariam a maioria das bactérias, como água a ferver, desinfetantes comuns e radiação. A sua capacidade de permanecer dormentes e reativar quando as condições melhoram torna-os um problema significativo em várias indústrias, especialmente na saúde e na produção alimentar.
O novo método utiliza nanobastões de ouro e tecnologia laser para amplificar sinais de uma molécula única encontrada nos esporos. Esta técnica, denominada espectroscopia Raman de superfície melhorada (SERS), permite a identificação de quantidades incrivelmente pequenas de químicos, chegando ao nível de moléculas individuais.
Jonas Segervald, doutorando no Departamento de Física da Universidade de Umeå e um dos principais investigadores do projeto, explica: “O nosso método oferece uma sensibilidade melhorada, permitindo-nos detetar quantidades muito menores de esporos bacterianos do que era possível anteriormente”.
A aplicação prática desta tecnologia foi demonstrada na indústria láctea, onde os esporos bacterianos, particularmente de espécies Bacillus, representam um risco significativo. Os investigadores conseguiram detetar esporos numa amostra de leite contaminado, evidenciando o potencial do método para melhorar a segurança alimentar.
Dmitry Malyshev, cientista do Departamento de Física e coautor do artigo, destaca a importância desta descoberta: “Os esporos são altamente problemáticos em hospitais e na indústria alimentar, pois podem causar contaminações recorrentes ao aderirem a superfícies e equipamentos, levando a doenças, deterioração e medidas de limpeza dispendiosas”.
Embora ainda em fase inicial, a equipa está a trabalhar ativamente para aperfeiçoar esta tecnologia e transformá-la num sensor prático que possa ser personalizado para indústrias em risco de contaminação por esporos. Esta inovação promete não só melhorar a segurança alimentar, mas também contribuir significativamente para avanços nos cuidados de saúde e na agricultura.
NR/HN/ALphagalileo
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