De acordo com a Dra. Catarina Marques, ginecologista, aproximadamente 80% das mulheres sexualmente ativas têm contacto com, pelo menos, um subtipo de HPV em algum momento da vida. Na maioria dos casos, as infeções são temporárias e acabam por ser eliminadas de forma espontânea. No entanto, este vírus também pode permanecer inativo ou silencioso por um tempo variável e manifestar-se anos após o contacto de transmissão.
“Muitas mulheres chegam à clínica preocupadas. Querem saber se esta infeção pode afetar a sua capacidade de engravidar ou levar uma gravidez a termo. É preciso esclarecer que este vírus não causa infertilidade por si só. Alguns estudos sugerem que apenas quando há também uma infeção com clamídia é que o risco de infertilidade aumenta, assim como um risco maior de aborto espontâneo”, explica a Dra. Catarina Marques, ginecologista e especialista em Medicina da Reprodução no IVI Lisboa. A médica clarifica que o HPV pode trazer maiores dificuldades, nos casos de sequelas após tratamentos cirúrgicos – incluindo a remoção do próprio colo do útero ou de todo o útero.
Quando há uma infeção sexualmente transmissível coexistindo com o vírus, ela pode levar a uma esterilidade com origem na obstrução das trompas. Nestes casos, os óvulos não podem ser transportados e, consequentemente, não haverá óvulo para o espermatozoide fecundar e, assim, formar um embrião.
Além disso, as mulheres grávidas infetadas podem transmitir a infeção ao recém-nascido através do canal de parto, tornando possível o aparecimento de infeção respiratória persistente (papilomatose orofaríngea), um evento muito improvável, mas não impossível.
Quais são as consequências para os homens?
Em relação à população masculina, números europeus recentes, publicados na revista científica The Lancet, indicam que 31% dos homens sexualmente ativos têm este vírus e 21% estão infetados com um HPV de alto risco. Além disso, assim como as mulheres são mais propensas a ter cancro de colo de útero, os homens podem desenvolver outros tipos de doença cancerígena, como o cancro de pênis, ânus e garganta, também associados aos serotipos 16 e 18 desta doença viral.
Em relação à forma como afeta a fertilidade, a Dra. Catarina Marques salienta que esta doença sexualmente transmissível provoca baixa mobilidade espermática, o que dificulta a capacidade dos espermatozoides de se movimentarem livremente, pelo que influencia diretamente as hipóteses de conseguir engravidar a parceira. Em paralelo, também pode afetar a qualidade seminal ou fragmentação do seu DNA.
“Tendo em conta que o HPV pode ser transmitido, quer por via oral, vaginal ou anal, mesmo quando se usa preservativos, a melhor forma de prevenção é a vacinação contra o HPV para ambos os sexos e os rastreios”, lembra a médica. Acrescenta ainda que a deteção precoce é fundamental para verificar se existe alguma alteração suspeita e esclarecer a que genótipo ou estirpe de HPV corresponde. “Só desta forma é possível tomar as medidas terapêuticas relevantes e evitar impactos diretos na fertilidade ou na capacidade de levar uma gravidez a termo sem complicações”, remata.
NR/PR/HN
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