António Passas, Servier: “O doente está no centro da nossa estratégia

03/06/2025
António Passas, Servier: “O doente está no centro da nossa estratégia Em entrevista exclusiva ao Healthnews, António Passas, Business Unit Director CMVD da Servier Portugal, revela como o modelo único […]

António Passas, Servier: “O doente está no centro da nossa estratégia

Em entrevista exclusiva ao Healthnews, António Passas, Business Unit Director CMVD da Servier Portugal, revela como o modelo único da empresa, gerida por uma Fundação sem fins lucrativos, reforça o compromisso com os doentes. Passas destaca iniciativas inovadoras, como a Missão 70/26 para o controlo da hipertensão, e explica como a recente reestruturação organizacional melhora a capacidade da Servier em responder às necessidades diversificadas dos doentes, colocando-os no centro do ecossistema de saúde em Portugal.

 

Healthnews (HN) – A Servier distingue-se globalmente por ser gerida por uma Fundação sem fins lucrativos, reinvestindo lucros em I&D. Como é que este modelo único reforça o compromisso de colocar o doente no centro da estratégia da empresa, especialmente em áreas como a oncologia, que representa mais de 70% do orçamento global de I&D?

António Passas (AP) – O modelo de gestão da Servier, como uma Fundação sem fins lucrativos, permite que todos os lucros sejam reinvestidos em investigação e desenvolvimento (I&D). Este compromisso garante que a principal prioridade da empresa é o bem-estar dos doentes, em vez de objetivos financeiros. Na área da oncologia, que representa mais de 70% do nosso orçamento global de I&D, este modelo permite-nos focar em inovar e desenvolver tratamentos que atendam às necessidades críticas dos doentes. Este enfoque contínuo em I&D reforça o nosso compromisso em oferecer terapias de ponta e melhorar a qualidade de vida dos doentes.

Mas não só, é também graças ao modelo de gestão da Servier, como uma Fundação sem fins lucrativos, que, na unidade de CMVD (Cardio-Metabolismo e Doença Venosa), podemos investir no desenvolvimento de soluções terapêuticas que vão ao encontro das necessidades reais dos doentes, como são as associações de duas ou mais substâncias ativas num só comprimido, ou desenvolver e apoiar projetos que visam melhorar a adesão dos doentes ao tratamento, um dos grandes problemas do doente crónico ou, ainda, apoiar projetos que visam melhorar o controlo da Hipertensão, como a missão 70/26.

Estes são exemplos de como o doente está no centro da nossa atividade quotidiana e orienta as nossas decisões estratégicas.

HN – A Servier é líder mundial no tratamento da Hipertensão Arterial, uma condição que afeta cerca de 40% da população adulta portuguesa. De que forma a iniciativa Missão 70/26, em parceria com a Sociedade Portuguesa de Hipertensão, contribui para melhorar o controlo desta doença e, consequentemente, a qualidade de vida dos doentes?

AP – A iniciativa Missão 70/26, desenvolvida pela Sociedade Portuguesa de Hipertensão em parceria com a Servier Portugal, visa melhorar o controlo da hipertensão arterial em Portugal. Esta iniciativa promove a sensibilização da população e dos profissionais de saúde sobre a importância do diagnóstico e do tratamento adequado da hipertensão, promovendo o controlo adequado dos valores de pressão arterial.

Algumas das ações realizadas no contexto da Missão 70/26 incluem:

  • Campanhas Educativas: Realização de campanhas de sensibilização sobre a hipertensão arterial, seus riscos e a importância do controlo adequado. Estas campanhas incluem materiais educativos e vídeos informativos para doentes, também acessíveis aos profissionais de saúde, que assim podem partilhá-los com os doentes. 
  • Rastreios Gratuitos: Organização de rastreios gratuitos em várias localidades, permitindo que mais pessoas tenham acesso à medição da pressão arterial e ao cálculo do seu risco cardiovascular. Estes rastreios permitem detetar doentes que ainda não foram diagnosticados e doentes que, apesar de já estarem diagnosticados, não estão controlados. Todos estes doentes são naturalmente encaminhados para o seu médico de família.
  • Formação de Profissionais de Saúde: Desenvolvimento de programas de formação contínua para médicos, enfermeiros e farmacêuticos sobre as melhores práticas no diagnóstico e tratamento da hipertensão arterial.
  • Programas de Acompanhamento: Apoiamos a implementação de programas de acompanhamento para doentes hipertensos, para melhorar a adesão ao tratamento e o controlo eficaz da pressão arterial.

O melhor controlo da hipertensão reduz significativamente o risco de eventos cardiovasculares graves, como o acidente vascular cerebral (AVC), o enfarte do miocárdio e o desenvolvimento de insuficiência cardíaca. Consequentemente, isto contribui para uma melhor qualidade de vida dos doentes a longo prazo, prevenindo complicações e melhorando a saúde geral da população.

HN – O lançamento do Daflon em comprimido mastigável é um exemplo recente de inovação da Servier. Como é que a adaptação das formas farmacêuticas às necessidades dos doentes reflete a prioridade dada à sua experiência e adesão ao tratamento?

AP – O lançamento de um comprimido mastigável é um exemplo claro de como a Servier coloca a experiência do doente no centro da sua estratégia. Adaptar as formas farmacêuticas às necessidades dos doentes facilita a adesão ao tratamento, tornando-o mais conveniente e agradável.

O comprimido mastigável adapta-se às necessidades de um doente mais jovem e ativo, que, graças à forma mastigável, tem a liberdade de tomar o medicamento sem necessitar de água, mas também às necessidades dos  doentes, tendencialmente mais idosos,  que têm dificuldades em deglutir.  Esta inovação reflete o nosso compromisso em ouvir os doentes e desenvolver soluções que não só sejam eficazes, mas que também melhorem a experiência geral de tratamento, aumentando a adesão e, consequentemente, a eficácia terapêutica.

HN – A Servier Portugal trata mais de 600 mil doentes e está no Top 10 da Indústria Farmacêutica em ambulatório. Que medidas concretas têm sido implementadas para encontrar  respostas terapêuticas mais personalizadas e eficazes?)

AP – A Servier apoia, há mais de 25 anos, estudos epidemiológicos e estudos observacionais que permitem perceber as reais necessidades dos doentes e definir as áreas de atuação prioritária. Estes estudos são fundamentais para identificar os desafios enfrentados pelos doentes e orientar o desenvolvimento de soluções terapêuticas mais eficazes e personalizadas.

Promovemos a literacia em saúde através de diversos canais, incluindo materiais informativos, redes sociais e materiais que estimulam os doentes a vigiar os seus valores tensionais, por exemplo. Estas iniciativas visam educar os doentes sobre a importância do controlo da pressão arterial e outros parâmetros de saúde, incentivando uma participação ativa na gestão da sua condição.

Outra dimensão crucial tem sido o desenvolvimento de medicamentos que facilitem a adesão dos doentes ao tratamento. Esforçamo-nos para criar medicamentos que combinem vários princípios ativos num só comprimido, o que simplifica o regime terapêutico e melhora a adesão. Procuramos também desenvolver associações de medicamentos que sejam mais eficazes e apresentem menos efeitos secundários. 

Além disso, em colaboração com as sociedades científicas, apoiamos a formação contínua dos profissionais de saúde para que estejam atualizados com as mais recentes práticas e tratamentos. Investimos também em parcerias que ajudem a compreender melhor as necessidades específicas dos doentes e desenvolver soluções que respondam a essas necessidades de forma eficaz, melhorando significativamente a qualidade de vida dos doentes que servimos.

HN – Com a reestruturação organizacional em 2024, que incluiu a criação de novos departamentos e uma maior representação feminina no Comité Executivo, como é que esta evolução interna reforça a capacidade da empresa em entender e responder às necessidades diversificadas dos doentes?

AP – A reestruturação organizacional em 2024, que incluiu a criação de novos departamentos e uma maior representação feminina no Comité Executivo, reforça a capacidade da Servier em entender e responder às necessidades diversificadas dos doentes. A inclusão de uma maior diversidade de perspetivas no processo de tomada de decisão permite-nos desenvolver soluções mais abrangentes e inclusivas. Esta evolução interna promove uma cultura de inovação e colaboração, garantindo que estamos bem posicionados para identificar e responder rapidamente às necessidades emergentes dos doentes e do mercado.

HN – No contexto do Dia Mundial do Doente, qual considera ser o maior desafio atual para colocar verdadeiramente o doente no centro do ecossistema de saúde em Portugal, e como é que a Servier está a contribuir para superá-lo, nomeadamente na área das doenças cardiovasculares?

AP – O maior desafio atual para colocar verdadeiramente o doente no centro do ecossistema de saúde em Portugal é garantir uma abordagem integrada e personalizada ao cuidado do doente. Isto envolve não apenas o acesso a tratamentos inovadores, mas também uma coordenação eficaz entre todos os intervenientes no sistema de saúde.

 A Servier está a contribuir para superar este desafio através de iniciativas que promovem a colaboração entre profissionais de saúde, ouvindo os doentes através do nosso Departamento Médico que procura perceber como o doente pensa, as suas necessidades e as suas expetativas. As associações de doentes hoje também representam a voz dos  doentes promovendo a literacia em saúde, essencial para que o doente possa ser parte responsável pelo sucesso do tratamento, em parceria com os profissionais de saúde.

Nas doenças cardiovasculares, programas como a Missão 70/26 ajudam a melhorar o controlo da hipertensão, promovendo uma abordagem preventiva e personalizada ao cuidado do doente. Estas ações refletem o nosso compromisso contínuo em colocar o doente no centro de tudo o que fazemos.

Colocar o doente no centro do ecossistema de saúde é também agir no presente, mas sempre a pensar no futuro e no impacto na sociedade. É neste sentido que surgiu o “Bosque dos Corações”, iniciativa de responsabilidade social promovida pela Servier, no âmbito da qual serão plantados mais de 46 mil pinheiros na Mata Nacional de Leiria, num projeto que conta com a supervisão técnica do Instituto da Conservação da Natureza e das Florestas (ICNF) em todas as fases da rearborização. O objetivo passa não só por contribuir para a valorização da floresta, tão devastada em Portugal pelos incêndios florestais, mas também por contribuir para diminuir o impacto da poluição no desenvolvimento das doenças cardiovasculares – mais árvores significa menos poluição e mais  estabilidade ambiental, o que pode contribuir para melhorar a saúde cardiovascular dos portugueses.

Ainda no contexto da responsabilidade social, destaco ainda o projeto RIPA (Resposta Integrada para as Perturbações do Comportamento Alimentar), que conta com o apoio da Servier, e que se traduz na primeira resposta nacional de Hospital de Dia na área  da anorexia, tendo conseguido prevenir o agravamento e/ou evitar a necessidade de internamento hospitalar ou até mesmo a remissão da doença em 90% das 30 mulheres jovens, seguidas ao longo de um ano e meio de atividade.

 

Publicado na revista #29 HealthNews, aceda a mais conteúdos aqui

 

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