Mergulhamos novamente num ciclo eleitoral (Regionais na Madeira, Legislativas, Autárquicas e Presidenciais), que traz consigo uma crise política, devido às Legislativas antecipadas. E era preciso? Em Portugal, poucas são as Legislaturas que se cumprem até ao fim. E esse incumprimento, não é culpa dos milhões de Eleitores, que na maioria dos casos, cumpre o seu dever cívico pelo custo que a Democracia tem.
Não sabemos a quem serve esta “confusão” política, porque a crise não serve a ninguém! Num momento em que, por circunstâncias internas e factores externos, a economia nacional, lá se estava a equilibrar e beneficiando das baixas taxas de juros e com isso benefício para a dívida soberana, eis que se confirma a “queda do Governo”. A gestão corrente do Governo que vai implicar um arrefecimento da economia, dos investimentos e com a incerteza, o adiar de projectos. Fazer com que os investidores adiem ou redirecionem os seus projectos e investimentos para outras latitudes geográficas. O tecido empresarial “doméstico” sofrerá com isso. O PRR que poderia ser a grande alavanca de investimentos públicos, sofrerá, inevitavelmente atrasos e incumprimentos. As reformas estruturais tão necessárias vão parar ou abrandar?
Estas eleições trarão clarificação dos poderes e mandatos num novo “rearranjo da distribuição de forças” e mandatos dos partidos, na Assembleia da República? Acreditamos que sim. Mas essencialmente, parece-nos que é necessária uma “limpeza” dos maus Deputados e dos maus exemplos, do baixo nível e da falta de decoro que as televisões nos transmitem, daquilo que se passa na Casa da Democracia, em plenos debates e trabalhos do Plenário. O insulto, a falta de educação, a linguagem, o mau exemplo. O jogo sujo, prevalece, na ausência de propostas e elevação. A intriga, a chicana política, a vitimização, a acusação e a circulação de falsas notícias, se quiserem fake news, como hoje é chique dizer, sempre aconteceu. Mas daí aos insultos verbais, bem audíveis, e ao uso de calão e brejeirices em plenário, durante os trabalhos e uso da palavra, é mau demais e reprovável.
Quanto às questões políticas que envolvem a situação, adivinhava-se que, num futuro mais próximo ou mais longo, as moções de censura iriam acontecer, perante um Governo minoritário, um Parlamento muito dividido e as necessidades de sobrevivência para alguns líderes e partidos (PS e BE), face aos escândalos que aconteceram nas suas fileiras (Chega). O curioso, ou não, é que foi precisamente a extrema-direita e a extrema-esquerda que no espaço de 15 dias apresentaram duas moções de censura. A verdade é que os extremos tocam-se. Por fim, a “moção de confiança” do Governo, chumbada no Parlamento.
Perante esta crise que se vai agudizar, a gestão corrente que se impõe face à queda do Governo, preocupa-nos e perguntamos como vai evoluir a reforma na Saúde? E os investimentos que são necessários e as dinâmicas nas ULS’s, que exigem celeridade e responsabilidade? Como se vai preparar o plano de Verão? Que critérios e prioridades, de forma atempada, se vão planear e implementar, correndo-se o risco de novo Ministro da Saúde e Equipa, e com isso, um pensar diferente? O SNS não pode passar por mais soluços e incertezas, para bem da sua consolidação e estratégia. Algumas questões destas também se colocarão à Educação, à Justiça e à Segurança Social. Consequências que afectarão, com certeza, quem menos culpa tem destas crises, mas que contribui com o dever cívico de votar e dos seus impostos, para sustentar estes “custos da Democracia” e dos solavancos de um País permanentemente adiado.
Cenários políticos: Com as eleições legislativas antecipadas, estará o Chega com receio de ver diminuído o seu Grupo Parlamentar? Desaparecerá o PAN do Parlamento? Com que Grupo Parlamentar ficará o PCP, depois do péssimo desempenho do seu líder? O BE será penalizado pelas formas e despedimentos com que tratou os seus trabalhadores, contrariamente ao que defende na AR? O CDS conseguirá crescer, ainda que à custa da Coligação com o PSD? A IL será capaz de ser mais clara que o discurso embrulhado do seu líder? O PS conseguirá desembrulhar o novelo de dificuldades e mudança de discurso que se tem visto, pelo seu Líder, da falta de Candidato Presidencial oriundo do Partido e a clarificação no apoio ao mesmo? Serão os fantasmas do “Costismo” uma realidade? E o PSD afirmar-se-á como o maior Partido de Portugal? Quanto “custará esta factura” eleitoral, traduzida em votos e mandatos ao Partido? Ficará adiado o reaparecimento de Pedro Passos Coelho? Luís Montenegro sairá reforçado e mais líder?
Como ficará a imagem para a história, do Presidente da República como o maior “dissolvente” da Assembleia da República, nestes seus dois mandatos?
Voltamos à pergunta: Quem beneficia destas crises políticas? Porque pagar, sabemos que é o Povo que as paga!
Uma coisa é certa e aconteceu: a pacificação social de várias classes profissionais. O diálogo social constituiu-se como um parceiro real e activo nas negociações. A valorização remuneratória de bombeiros, polícias, professores, enfermeiros, médicos, oficiais de justiça, etc., aconteceu. Beneficiando de várias conjunturas nacionais e internacionais, registou-se a diminuição da dívida pública, a baixa de juros, a diminuição da inflação e a diminuição do desemprego. Serão todos estes trunfos para o Governo e coligação da AD para sair de vencida nas Eleições Legislativas antecipadas? Só o soberano escrutínio do Povo o dirá.
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