A Suécia tem sido amplamente reconhecida como um exemplo global na implementação de estratégias eficazes para reduzir os danos relacionados ao tabaco de combustão. Com uma abordagem inovadora que combina políticas públicas, educação e o incentivo ao uso de alternativas menos nocivas, o país está a caminho de se tornar a primeira nação “livre de fumo” do mundo. Este marco é definido como uma taxa de prevalência de tabagismo abaixo de 5% da população adulta. Atualmente, a Suécia já registra uma das taxas mais baixas de fumadores da Europa, com apenas cerca de 6% da população adulta fumando regularmente, segundo dados recentes.

A estratégia sueca baseia-se no conceito de “redução de danos”, que reconhece que, embora o ideal seja a cessação total do uso de nicotina, nem todos os consumidores estão dispostos ou são capazes de parar de fumar. Portanto, a disponibilização de alternativas menos prejudiciais, como os produtos de tabaco aquecido e os snus (um tipo de tabaco oral tradicional na região), tem sido fundamental para reduzir os riscos associados ao tabagismo.

O Papel do Snus e dos Produtos Alternativos

O snus, um produto de tabaco oral úmido, é amplamente utilizado na Suécia e tem sido apontado como um dos principais fatores por trás da redução do tabagismo no país. Diferente do tabaco de combustão, o snus não envolve a queima de tabaco, o que elimina a produção de alcatrão e outros carcinógenos associados ao fumo. Embora não seja isento de riscos, estudos científicos indicam que o snus é significativamente menos prejudicial do que os cigarros tradicionais.

Em declarações ao jornal sueco Dagens Nyheter, o Ministro da Saúde sueco, Jakob Forssmed, destacou: “A Suécia tem adotado uma abordagem pragmática em relação ao tabaco, reconhecendo que a redução de danos é uma ferramenta poderosa para salvar vidas. O snus e outros produtos alternativos têm desempenhado um papel crucial nessa jornada, permitindo que muitos fumantes façam a transição para opções menos nocivas.”

Além do snus, a Suécia também tem promovido o uso de cigarros eletrónicos e produtos de tabaco aquecido, que são considerados menos prejudiciais do que os cigarros tradicionais. Esses produtos têm ganhado popularidade entre os ex-fumantes e aqueles que desejam reduzir o consumo de tabaco de combustão.

Políticas Públicas e Educação

A estratégia sueca não se limita apenas à disponibilização de alternativas menos nocivas. O governo tem investido fortemente em campanhas de educação pública para conscientizar a população sobre os riscos do tabagismo e as opções disponíveis para reduzir esses riscos. Escolas, centros de saúde e meios de comunicação têm sido parceiros fundamentais nesse esforço.

Para Karin Tegmark Wisell, diretora-geral da Agência de Saúde Pública da Suécia, a educação é a base de qualquer estratégia de saúde pública eficaz. “Temos trabalhado incansavelmente para garantir que os cidadãos suecos tenham acesso a informações precisas e baseadas em evidências sobre os riscos do tabagismo e as alternativas disponíveis”, afirma

Em entrevista ao Svenska Dagbladet, a diretora-geral da Agência de Saúde Pública da Suécia, Karin Tegmark Wisell, afirmou: “A educação é a base de qualquer estratégia de saúde pública eficaz. Temos trabalhado incansavelmente para garantir que os cidadãos suecos tenham acesso a informações precisas e baseadas em evidências sobre os riscos do tabagismo e as alternativas disponíveis. Isso tem sido essencial para o sucesso da nossa abordagem.”

Além disso, a Suécia implementou políticas rigorosas para desencorajar o tabagismo, como a proibição de fumar em locais públicos fechados, restrições à publicidade de produtos de tabaco e impostos elevados sobre cigarros. No entanto, ao mesmo tempo, o governo tem adotado uma postura mais flexível em relação a produtos alternativos, como o snus e os cigarros eletrónicos, reconhecendo seu potencial para reduzir os danos causados pelo tabaco.

Resultados Impressionantes

Os resultados da estratégia sueca são impressionantes. Além da baixa taxa de tabagismo, o país também registra uma das menores taxas de doenças relacionadas ao tabaco na Europa. Por exemplo, a incidência de cancro do pulmão na Suécia é significativamente menor do que em outros países europeus com taxas de tabagismo mais elevadas.

Um estudo publicado no British Medical Journal destacou que a Suécia tem uma taxa de mortalidade por doenças relacionadas ao tabaco 40% menor do que a média europeia. Esse sucesso tem sido atribuído à combinação de políticas públicas eficazes, educação e a adoção generalizada de alternativas menos nocivas ao tabaco de combustão.

Declarações de Líderes e Especialistas

Karl Fagerström, um dos principais especialistas em dependência de nicotina da Suécia, afirmou: “A redução de danos é uma abordagem realista e compassiva. Reconhece que nem todos podem ou querem parar de usar nicotina, mas oferece opções para reduzir os riscos à saúde.

A estratégia sueca tem recebido elogios de líderes e especialistas em saúde pública, tanto dentro quanto fora do país. Em declarações ao Expressen, o professor Karl Fagerström, um dos principais especialistas em dependência de nicotina da Suécia, afirmou: “A redução de danos é uma abordagem realista e compassiva. Reconhece que nem todos podem ou querem parar de usar nicotina, mas oferece opções para reduzir os riscos à saúde. A Suécia é um exemplo brilhante de como essa abordagem pode funcionar na prática.”

Já o ex-ministro da Saúde sueco, Lars-Erik Holm, em entrevista ao Göteborgs-Posten, destacou: “A nossa abordagem tem sido baseada em evidências científicas e no respeito às escolhas individuais. Ao oferecer alternativas menos nocivas, estamos a dar às pessoas a oportunidade de tomar decisões mais saudáveis, sem julgamentos.”

Desafios e Críticas

Apesar dos sucessos, a estratégia sueca não está isenta de críticas. Alguns especialistas em saúde pública argumentam que a promoção de produtos como o snus e os cigarros eletrónicos pode normalizar o uso de nicotina, especialmente entre os jovens. No entanto, dados da Agência de Saúde Pública da Suécia mostram que o uso desses produtos entre adolescentes tem permanecido estável e abaixo das taxas observadas em outros países.

Outro desafio é a regulamentação internacional. A União Europeia, por exemplo, proíbe a venda de snus em todos os países membros, exceto na Suécia. Isso tem limitado a capacidade de outros países de adotarem uma estratégia semelhante. Em declarações ao Financial Times, o eurodeputado sueco Fredrick Federley criticou a proibição: “A proibição do snus na UE é uma política desatualizada que ignora as evidências científicas. A Suécia demonstrou que o snus pode ser uma ferramenta poderosa na luta contra o tabagismo, e outros países deveriam ter a oportunidade de explorar essa opção.”

Conclusão

A estratégia adotada pela Suécia na redução de danos relacionados ao tabaco de combustão é um exemplo notável de como políticas públicas baseadas em evidências, combinadas com educação e inovação, podem levar a resultados significativos em saúde pública. Ao priorizar a redução de danos e oferecer alternativas menos nocivas, o país não só reduziu drasticamente as taxas de tabagismo, mas também salvou milhares de vidas.

A Suécia tem adotado uma abordagem pragmática em relação ao tabaco, reconhecendo que a redução de danos é uma ferramenta poderosa para salvar vidas, afirma o Ministro da Saúde Jakob Forssmed

Como afirmou o Ministro da Saúde sueco, Jakob Forssmed, ao Dagens Nyheter: “A nossa abordagem não é sobre promover o uso de nicotina, mas sobre reduzir os danos causados pelo tabaco. Estamos a mostrar ao mundo que é possível combater o tabagismo de forma eficaz, sem abandonar aqueles que ainda dependem da nicotina.”

Com os resultados impressionantes alcançados até agora, a Suécia serve como um modelo para outros países que buscam reduzir os danos causados pelo tabaco e melhorar a saúde pública de suas populações.