Portugal regista uma das mais elevadas taxas de casos não resolvidos de Doença Pulmonar Obstrutiva Crónica (DPOC) na Europa, com 40% dos doentes sem diagnóstico ou tratamento adequado. Este cenário, agravado por barreiras financeiras, geográficas e longas listas de espera, foi detalhado num White Paper subscrito pela Associação RESPIRA, pela Associação Portuguesa de Medicina Geral e Familiar (APMGF), pelo Grupo de Estudos de Doenças Respiratórias da APMGF e pela Sociedade Portuguesa de Pneumologia. O documento apela à atualização urgente do Plano Nacional das Doenças Respiratórias, com foco específico na DPOC.
A DPOC é uma doença crónica caracterizada pela limitação progressiva do fluxo aéreo e representa a terceira principal causa de morte no mundo e a quinta em Portugal. Estima-se que cerca de 800 mil portugueses sofram desta condição, número que poderá aumentar significativamente até 2050 devido ao envelhecimento populacional e às alterações climáticas. Além disso, o impacto económico anual da DPOC ultrapassa os 3 mil milhões de euros no país.
Entre os principais obstáculos enfrentados pelos doentes estão a falta de acesso à espirometria — exame essencial para diagnóstico e acompanhamento — e a ausência de consultas acessíveis para cessação tabágica e programas de reabilitação respiratória. Muitos médicos de Medicina Geral e Familiar não têm acesso direto ao exame ou desconhecem os locais para referenciar os pacientes. A falta de informação sobre sintomas também contribui para atrasos no diagnóstico e início do tratamento.
O Plano Nacional das Doenças Respiratórias atual, datado de 2017, é considerado desatualizado pelas organizações signatárias do White Paper. Este não inclui estratégias específicas para a DPOC nem políticas consistentes para o controlo do tabaco. As entidades envolvidas defendem o desenvolvimento de uma Estratégia Nacional para a DPOC que contemple prevenção, melhoria no acesso aos exames necessários, gestão das exacerbações e expansão da reabilitação respiratória. Propõem ainda a criação de um registo nacional da DPOC para caracterizar a população afetada e monitorizar indicadores como taxa de exacerbações e adesão à terapêutica.
PR/HN/MM
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