Um novo estudo do Karolinska Institutet revela que os profissionais de saúde oral têm dificuldade em reconhecer casos de ansiedade dentária severa, deixando muitos pacientes sem o apoio necessário. A investigação, apresentada no Departamento de Odontologia, analisou quatro vertentes da ansiedade dentária, envolvendo 1.128 pacientes que classificaram o seu próprio nível de ansiedade numa escala de um a cem durante exames de rotina. Após as consultas, dentistas e higienistas avaliaram o grau de ansiedade percebido nos pacientes.
Os resultados demonstraram que, embora as avaliações coincidissem nos casos de ansiedade baixa, as discrepâncias aumentavam à medida que o nível de ansiedade dos pacientes era mais elevado. Os profissionais subestimaram sistematicamente a gravidade da ansiedade nos casos mais severos, contrariando a expectativa de que apenas os casos ligeiros passariam despercebidos.
Entrevistas com profissionais de saúde oral mostraram que estes dependem sobretudo de sinais visíveis de stress para identificar ansiedade, tendo dificuldade em acreditar que um paciente aparentemente calmo possa estar a sentir medo intenso, mesmo quando o próprio o afirma. Por outro lado, pacientes com ansiedade dentária severa relataram sentimentos de vergonha e uma tendência para esconder o seu medo, ao mesmo tempo que esperam que os profissionais compreendam a sua situação sem necessidade de verbalização.
Este impasse evidencia a necessidade de ferramentas objetivas para identificar a ansiedade dentária. O estudo destaca a validação da versão sueca da Modified Dental Anxiety Scale (MDAS), um questionário de cinco perguntas que permite uma avaliação precisa da ansiedade dentária. Os investigadores sugerem que este instrumento seja disponibilizado nas salas de espera, juntamente com outras declarações de saúde, para facilitar a comunicação e possibilitar intervenções adequadas antes mesmo do início do exame clínico.
Estima-se que cerca de 20% da população sueca se sinta muito desconfortável ao visitar o dentista, sendo que aproximadamente 0,5% apresenta uma fobia dentária severa. O estudo, financiado pela Folktandvården Östergötland, sugere que a utilização de questionários como o MDAS pode melhorar significativamente a identificação e o tratamento da ansiedade dentária, promovendo um ambiente mais sensível às necessidades destes pacientes.
NR/HN/AlphaGalileo
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