Diferenças Sexuais no Cérebro Surgem Antes da Influência Hormonal, Revela Estudo

8 de Maio 2025

Um estudo da Örebro Universitet revela que a diferenciação sexual no cérebro ocorre antes da influência hormonal, desafiando a teoria tradicional. O gene Sry, no cromossoma Y, ativa vias específicas no cérebro masculino ainda em fase embrionária, independente da formação dos testículos.

Investigadores da Örebro Universitet, na Suécia, demonstraram pela primeira vez que a diferenciação sexual no cérebro ocorre mais cedo do que se pensava e não depende exclusivamente de hormonas como a testosterona. O estudo, publicado a 7 de maio de 2025, analisou cérebros embrionários de ratos antes da formação das gónadas ou da produção hormonal, revelando que o gene Sry – localizado no cromossoma Y e conhecido por regular o desenvolvimento dos testículos – também está ativo no cérebro.

Os resultados indicam que o Sry funciona como um sinal inicial para o desenvolvimento cerebral masculino já no 12.º dia de gestação em embriões de rato, antecedendo a formação dos testículos (13.º dia) e o início da produção hormonal (14.º dia). “Os sinais no cérebro surgem antes da produção de hormonas, o que sugere que a diferenciação sexual cerebral começa mais cedo do que se assumia”, explica Per-Erik Olsson (na imagem), professor de biologia e autor principal do estudo.

A pesquisa também identificou que as vias de sinalização responsáveis pela diferenciação sexual no cérebro são distintas das que regulam o desenvolvimento dos testículos. Embora ambas as processos comecem com o mesmo gene (Sry), as vias ativadas divergem, indicando que a formação do cérebro masculino não está diretamente ligada ao desenvolvimento das gónadas. “Isso desafia a teoria tradicional de que os testículos, ao libertarem testosterona, eram o principal motor da diferenciação cerebral”, acrescenta Olsson.

As implicações deste estudo estendem-se além da biologia do desenvolvimento. Compreender como o cérebro se diferencia entre os sexos pode esclarecer por que certas doenças, como o autismo (70% dos casos ocorrem em homens), têm prevalência distinta. “Estes mecanismos podem explicar diferenças na susceptibilidade a patologias e abrir caminho para novas abordagens terapêuticas”, conclui o investigador.

https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11219815/

NR/HN/AlphaGalileo

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