Investigadores da Örebro Universitet, na Suécia, demonstraram pela primeira vez que a diferenciação sexual no cérebro ocorre mais cedo do que se pensava e não depende exclusivamente de hormonas como a testosterona. O estudo, publicado a 7 de maio de 2025, analisou cérebros embrionários de ratos antes da formação das gónadas ou da produção hormonal, revelando que o gene Sry – localizado no cromossoma Y e conhecido por regular o desenvolvimento dos testículos – também está ativo no cérebro.
Os resultados indicam que o Sry funciona como um sinal inicial para o desenvolvimento cerebral masculino já no 12.º dia de gestação em embriões de rato, antecedendo a formação dos testículos (13.º dia) e o início da produção hormonal (14.º dia). “Os sinais no cérebro surgem antes da produção de hormonas, o que sugere que a diferenciação sexual cerebral começa mais cedo do que se assumia”, explica Per-Erik Olsson (na imagem), professor de biologia e autor principal do estudo.
A pesquisa também identificou que as vias de sinalização responsáveis pela diferenciação sexual no cérebro são distintas das que regulam o desenvolvimento dos testículos. Embora ambas as processos comecem com o mesmo gene (Sry), as vias ativadas divergem, indicando que a formação do cérebro masculino não está diretamente ligada ao desenvolvimento das gónadas. “Isso desafia a teoria tradicional de que os testículos, ao libertarem testosterona, eram o principal motor da diferenciação cerebral”, acrescenta Olsson.
As implicações deste estudo estendem-se além da biologia do desenvolvimento. Compreender como o cérebro se diferencia entre os sexos pode esclarecer por que certas doenças, como o autismo (70% dos casos ocorrem em homens), têm prevalência distinta. “Estes mecanismos podem explicar diferenças na susceptibilidade a patologias e abrir caminho para novas abordagens terapêuticas”, conclui o investigador.
https://pmc.ncbi.nlm.nih.gov/articles/PMC11219815/
NR/HN/AlphaGalileo
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