Pipeta Revolucionária Ativa Neurónios Individuais com Precisão Iónica

11 de Maio 2025

Investigadores da Universidade de Linköping desenvolveram uma pipeta inovadora que ativa neurónios individuais através da libertação precisa de iões, sem perturbar o ambiente extracelular. A técnica revelou dinâmicas complexas entre neurónios e astrócitos, abrindo portas a tratamentos de precisão para doenças como a epilepsia.

Investigadores da Universidade de Linköping, na Suécia, criaram uma pipeta microscópica capaz de modular a atividade de neurónios individuais através da libertação controlada de iões, mantendo intacto o delicado equilíbrio do meio extracelular. Com apenas 2 micrómetros de diâmetro – cerca de um quarto da espessura de um cabelo humano -, este dispositivo, designado pipeta iontónica, permite estudar como alterações locais na concentração de iões, como potássio ou sódio, influenciam células cerebrais específicas.

A tecnologia supera métodos anteriores, que envolviam a injeção de líquidos, uma abordagem que perturbava não só a composição química do meio extracelular mas também a pressão e o fluxo de fluidos, dificultando a interpretação dos resultados. A nova pipeta utiliza uma membrana de troca iónica na ponta, permitindo a libertação eletroquímica de iões sem introduzir solventes ou outras substâncias.

Em experiências com tecido cerebral de hipocampo de ratos, os cientistas observaram que os astrócitos – células gliais essenciais para o suporte metabólico dos neurónios – respondiam de forma imediata e dinâmica às variações de iões. Curiosamente, os neurónios só eram ativados após os astrócitos atingirem um estado de “saturação”, revelando uma interdependência celular até agora pouco compreendida.

Daniel Simon, professor envolvido no estudo, destaca o potencial terapêutico: “A longo prazo, esta tecnologia poderá tratar doenças neurológicas como a epilepsia com precisão extrema”. A equipa planeia agora explorar a aplicação da pipeta na libertação localizada de fármacos e no estudo de tecido cerebral doente, visando desenvolver terapias direcionadas.

O dispositivo, semelhante a pipetas tradicionais usadas em neurofisiologia, foi concebido para ser intuitivo para investigadores, acelerando a sua adoção em laboratórios. Financiado por entidades como a Fundação Knut e Alice Wallenberg e o Conselho Europeu de Investigação, o projeto combina avanços em eletrónica orgânica e neurociência, com patentes geridas pela empresa sueca Iontronics AB.

NR/HN/AlphaGalileo

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