Grupo de neurónios no tronco cerebral controla perda de peso sem náuseas

25 de Maio 2025

Investigadores suecos identificaram um grupo específico de neurónios no tronco cerebral que controla os efeitos da semaglutida sobre o apetite e a perda de peso, sem provocar náuseas, abrindo caminho a tratamentos mais eficazes para a obesidade.

Uma equipa de investigadores da Sahlgrenska Academy, na Universidade de Gotemburgo, liderada por Júlia Teixidor-Deulofeu, identificou um grupo específico de neurónios no tronco cerebral que regula os efeitos da semaglutida sobre o apetite e a perda de peso, sem desencadear os efeitos secundários mais comuns, como as náuseas. O estudo, publicado na revista Cell Metabolism, poderá abrir caminho a tratamentos mais eficazes e toleráveis para a obesidade.

A semaglutida, um agonista do recetor GLP-1, é já amplamente utilizada no tratamento da obesidade e da diabetes tipo 2, mas a sua administração pode causar efeitos adversos, nomeadamente náuseas e perda de massa muscular. Os investigadores suecos procuraram distinguir os circuitos neuronais responsáveis pelos benefícios do fármaco dos que provocam efeitos indesejados.

Recorrendo a modelos animais, a equipa rastreou os neurónios ativados pela semaglutida e conseguiu estimulá-los diretamente, sem administrar o medicamento. Os resultados mostraram que os ratos com estes neurónios ativados comeram menos e perderam peso, tal como sucede com a semaglutida. Quando os neurónios foram destruídos, o efeito do fármaco sobre o apetite e a gordura corporal diminuiu drasticamente, mas os efeitos secundários persistiram.

Júlia Teixidor-Deulofeu, primeira autora do estudo, explica: “Este grupo específico de neurónios controla os efeitos benéficos da semaglutida sobre o peso e o apetite, sem contribuir significativamente para os efeitos secundários como náuseas”.

Os neurónios em causa localizam-se no complexo vagal dorsal do tronco cerebral, uma região-chave para a regulação do equilíbrio energético. Esta descoberta não só aprofunda o conhecimento sobre o modo de ação da semaglutida no cérebro, como também aponta para a possibilidade de desenvolver medicamentos que mantenham a eficácia na perda de peso, mas com menos efeitos adversos.

Linda Engström Ruud, investigadora e orientadora dos doutorandos envolvidos no projeto, sublinha: “Compreender como estes fármacos atuam no cérebro é fundamental para melhorar os tratamentos e ampliar as suas aplicações a outras doenças”.

A equipa acredita que esta distinção entre os circuitos neuronais abre portas para terapias mais seguras e eficazes, melhorando a qualidade de vida dos pacientes com obesidade e, potencialmente, de outros grupos de doentes.

Referências: Semaglutide effects on energy balance are mediated by Adcyap1+ neurons in the dorsal vagal complex; Júlia Teixidor-Deulofeu, Sebastian Blid Sköldheden, Ferran Font-Gironès, Andrej Feješ, Johan Ruud, Linda Engström Ruud; Cell Metabolism. https://doi.org/10.1016/j.cmet.2025.04.018

NR/HN/ALphagalileo

Legenda da foto: Estudantes de doutoramento Sebastian Blid Sköldheden e Júlia Teixidor-Deulofeu, e Linda Engström Ruud, investigadora e orientadora (foto: Josefin Bergenholtz)

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