A Sociedade Portuguesa de Gastrenterologia (SPG) lança este ano uma campanha nacional de consciencialização sobre o impacto da obesidade na saúde digestiva, integrada no Mês da Saúde Digestiva, celebrado em junho. A iniciativa, alinhada com sociedades internacionais da especialidade, destaca a obesidade como fator de risco para doenças digestivas, que afetam cerca de um terço da população portuguesa.
A SPG sublinha que o excesso de peso e a obesidade, além de estarem associados a patologias como hipertensão, diabetes e doenças cardiovasculares, são também responsáveis pelo aumento de doenças do aparelho digestivo. Entre estas, destacam-se o refluxo gastroesofágico, o fígado gordo e vários tipos de cancro, incluindo do esófago, cólon, reto e pâncreas. A associação entre obesidade e cancro digestivo é particularmente preocupante, sendo que o risco de desenvolvimento destes tumores é comprovadamente superior em pessoas com excesso de peso.
Um dos principais alertas da campanha deste ano é para o fígado gordo, atualmente a principal causa de cirrose hepática em Portugal, superando o consumo de álcool. Esta doença, silenciosa e muitas vezes sem sintomas evidentes, pode evoluir para carcinoma hepatocelular, o tipo mais comum de cancro do fígado. Estima-se que mais de 2,5 milhões de portugueses sofram de fígado gordo, frequentemente associado a estilos de vida pouco saudáveis.
A SPG reforça a necessidade de encarar a obesidade como uma doença crónica, grave e de difícil tratamento, mas que pode ser prevenida através de mudanças nos hábitos alimentares, prática regular de exercício físico e acesso a cuidados de saúde adequados. A prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento das doenças digestivas são considerados urgentes para travar a progressão destas patologias e reduzir a mortalidade associada.
Durante o mês de junho, a campanha irá disponibilizar conteúdos informativos sobre a relação entre obesidade e saúde digestiva, promovendo a literacia em saúde e incentivando a adoção de estilos de vida mais saudáveis. A SPG, enquanto associação científica sem fins lucrativos, mantém o compromisso de promover a investigação, formação e sensibilização para a importância da saúde digestiva em Portugal.
PR/HN/MM
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