Hidrogel inovador abre caminho para regeneração das glândulas salivares

1 de Junho 2025

Investigadores da McGill University desenvolveram um hidrogel avançado que permite regenerar tecido semelhante ao das glândulas salivares, oferecendo esperança para o tratamento da boca seca e novas possibilidades em medicina regenerativa.

Uma equipa de investigadores da McGill University, no Canadá, anunciou o desenvolvimento de um hidrogel inovador capaz de suportar a regeneração de tecido semelhante ao das glândulas salivares, um avanço promissor para o tratamento da xerostomia, vulgarmente conhecida como boca seca. Esta condição, frequentemente causada por radioterapia ou doenças autoimunes, compromete a qualidade de vida dos pacientes, dificultando funções essenciais como comer, falar e protegendo menos a cavidade oral contra infeções.

O estudo, publicado a 9 de maio de 2025 na revista International Journal of Oral Science, avaliou três formulações de hidrogel, destacando-se a versão enriquecida com ácido hialurónico (AGHA) pela sua capacidade de recriar a arquitetura das glândulas salivares. Neste hidrogel, as células acinares humanas formaram esferoides tridimensionais de grande dimensão, com mais de 100 células e uma taxa de viabilidade superior a 93%. Estas estruturas mantiveram atividade metabólica, expressaram elevados níveis de proteínas essenciais à secreção salivar e responderam de forma dinâmica a estímulos químicos, demonstrando funcionalidade semelhante à do tecido natural.

Além da sua eficácia biológica, o hidrogel AGHA apresenta uma vantagem técnica relevante: permite a recuperação reversível e não destrutiva dos esferoides, facilitando a sua utilização em futuras aplicações clínicas ou experimentais. O sistema mostrou ainda ser eficaz no suporte à expansão de células salivares humanas primárias durante 15 dias, provando a sua versatilidade como plataforma de cultura.

A inovação elimina a dependência de materiais de origem animal, aumentando a reprodutibilidade e a relevância clínica dos resultados. Esta tecnologia poderá acelerar o desenvolvimento de modelos de doença, plataformas para rastreio de fármacos e, potencialmente, enxertos implantáveis para restaurar a função salivar em pacientes afetados. O avanço representa um passo significativo para a medicina regenerativa oral, aproximando a comunidade científica da possibilidade de devolver a função salivar natural a quem mais necessita.

Referência: https://doi.org/10.1038/s41368-025-00368-6

NR/HN/Alphagalileo

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