Quinta em Coimbra resgata animais e promove ensino alternativo

8 de Junho 2025

Uma quinta em Coimbra tem sido o lar de animais resgatados e um espaço de ensino alternativo para crianças, onde a aprendizagem acontece em comunhão com o desenvolvimento emocional e com os seres de quatro patas como grandes amigos.

O Projeto Riza nasceu há seis anos na freguesia de Eiras e São Paulo de Frades, em Coimbra, com o intuito de ser um santuário animal, tendo posteriormente surgido o Guarda Rios, um projeto de educação muito conectado ao conceito de ‘forest school’, explicou à agência Lusa a professora Daniela Maia.

Num espaço verde, com as crianças a brincarem à volta e alguns dos animais a circularem por perto, a professora contou que o Guarda-Rios é um apoio às famílias que optaram pelo ensino doméstico, uma das “formas legais de aprender em Portugal”.

Os pequenos, com idades entre os cinco e os dez anos, frequentam o espaço três vezes por semana, desenvolvendo atividades que lhes permitam estar “tanto ao ar livre, como em conjunto, a aprender e a enriquecerem-se uns aos outros”.

Os conceitos base trabalhados com as seis crianças participantes são a autonomia, a autoestima e as emoções, através de um modelo de ensino que também acolhe aqueles que “não se adequam ao sistema educativo”.

“O Guarda-Rios é para trabalharem as emoções, a inteligência emocional”, defendeu a principal gestora do projeto, que, ao longo dos dez anos em que deu aulas em escolas, percebeu que fatores como as emoções e a autonomia não eram trabalhados com os mais novos.

Apesar de não ser o foco do projeto, questões relacionadas com matemática ou estudo do meio estão entre os temas que as crianças, cinco delas de origem portuguesa e uma estrangeira, têm contacto, através de uma abordagem “muito ligada ao dia a dia”.

“Se vamos a um museu, os miúdos sabem quanto é o bilhete, qual é a percentagem do desconto, porque é que o têm se forem em grupo. Se precisamos de colocar uma cerca à volta, eles fazem a divisão, fazem as medidas. Portanto, é utilizar o conhecimento na prática”, apontou.

Os alunos mantêm uma alimentação vegan na quinta, onde podem acarinhar e alimentar os animais, brincar e aprender em contacto com a natureza, desenhar, ler e até manter conversas em inglês, com os voluntários oriundos de diferentes países.

Além das três voluntárias residentes – Daniela Maia, Sharna e Chiara -, o Projeto Riza é habitualmente gerido por dois voluntários temporários, pessoas que de diferentes pontos do globo que participam na iniciativa.

Chiara é de Itália e está mais ligada à parte do Santuário, que acolhe atualmente cerca de 25 animais, todos resgatados.

Porcos, cabras, burros, galinhas, gatos e cães são alguns dos habitantes do Santuário, cada um com o seu próprio nome, personalidade e história, como é o caso da cabra Holy.

Uma das mais novas moradoras da quinta, a Holy foi encontrada num terreno, com muitas feridas, após ter sido atacada por cães e deixada a morrer pelo antigo dono, que não queria despesas com veterinário.

“Tivemos três veterinários que disseram que a Holy não iria sobreviver. Demos antibióticos e soro. A Holy não se levantava, por isso estivemos a fazer fisioterapia e dormimos aqui também, só para ela não morrer sozinha”. Mas aí está ela.

O Projeto Riza realiza um ‘vegan market’ para juntar fundos e recebe doações financeiras, alimentares ou de medicamentos, não possuindo atualmente apoio a nível estatal.

Os planos para o futuro incluem concretizar um pedido de ajuda monetária a entidades como a União Europeia, embora para isso seja preciso um voluntário que auxilie com o processo, adiantou a professora.

O Projeto Riza tem crescido ao longo dos anos e os interessados podem participar em dias abertos ou levar as crianças a um dia de atividades no Projeto Guarda-Rios.

lusa/HN

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