Patrícia Cruz Pontífice Sousa

É Tempo de Confortar

06/01/2020

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É Tempo de Confortar

01/06/2020 | Opinião

Em tempo de cuidado contemporâneo, a Qualidade do Cuidado em Saúde é, hoje, uma responsabilidade crescente. Concomitantemente, a preocupação com as questões dos idosos, em torno da responsabilidade de cuidados personalizados, cada vez mais adequados à satisfação das necessidades de saúde, têm estado no centro das preocupações da sociedade, no sentido de uma evolução das práticas e adequação de respostas.

Num exercício à liberdade humana, as práticas clínicas, com particular enfoque na dimensão confortadora, já algum tempo que ocupam lugar de debate pela procura de uma resposta científica cada vez mais ajustada, potenciando a funcionalidade humana e promovendo a qualidade de vida. Uma sociedade será moderna e avançada quanto melhor cuidar e atender os mais frágeis e em sofrimento, garantindo um cuidado justo e devido, com mais qualidade de vida, com mais e melhor conforto, especificamente, para os mais vulneráveis.

Atualmente, o nosso olhar, sobre o que tomamos em consideração nesta exposição, conduz-nos à reflexão para os aspetos que se relacionam com o respeito integral da pessoa humana, concretamente numa relação ética de cuidado que conforta a Pessoa Idosa.

Dada a complexidade e a especificidade dos problemas de saúde/doença que as pessoas idosas vivenciam em diferentes contextos, defendemos que este cuidado se deverá centrar em torno do que é central, pelo que, entender a palavra dos mais velhos emerge como determinante.

À luz destas perspetivas e articuladas estas relações, o progresso das certezas científicas em torno da temática do Conforto no quotidiano profissional em saúde, vem-se mostrando, gradativamente, fundamental para atender e compreender a complexidade deste grupo etário, alicerçando o cuidado numa prática humanizadora que desvela “Fazer bem o Bem, Confortando”. Para além de um bem valorizado, o Conforto é reconhecido como um bem desejável à Vida, um elemento da qualidade do cuidado e ainda um objetivo/fim global de elevado interesse para o cuidado humano em saúde. Esta dimensão considerada individual, subjetiva e circunstancial integra conceitos como: saúde, crescimento, abertura, capacitação e liberdade.

Na dinâmica do processo confortador há que ter em conta o desenvolvimento do projeto de vida e de saúde dos idosos na relação com as transições vividas e as transformações sociais, económicas e produtivas. Tal, constitui um desafio constante para os profissionais de saúde, exigindo uma inevitável coordenação e integração dos vários níveis de cuidados e das múltiplas soluções envolvidas. Sabemos que a apreciação do estado de saúde do idoso é complexa, na medida em que depende das alterações funcionais, do estilo de vida e expetativas individuais. Para a pessoa idosa, a saúde é perspetivada como um recurso num funcionamento ótimo definido individualmente, e impulsionada incessantemente pela vontade de Ser mais, de ter mais conforto e uma melhor qualidade de vida.

Promover conforto surge como um dever para os profissionais de saúde. Numa sensibilização e consciencialização para a importância do cuidar do Ser, de forma completa e integral, o processo de construção do cuidado confortador deverá ser centrado na pessoa, na sua circunstância de vida, dirigido intencionalmente às necessidades de conforto experienciadas. A prática promotora de conforto é exigente e inscreve-se numa ética do agir profissional, considerado como promotor do desenvolvimento humano. Falamos de um Compromisso de Cuidado, co-construído, pela interação e alicerçado em qualidades humanas e profissionais, em prol da “melhor saúde do idoso”.

Da análise global, torna-se evidente a tomada de consciência da Pessoa e das suas potencialidades, reconhecendo-a na sua singularidade/particularidade, no seu contexto social envolvente, objetivando a personalização e humanização do cuidado prestado.

Numa procura intencional de cada idoso/situação o seu reconhecimento constitui o princípio/fundamento, e é mediado pelas interações que criam proximidade e nutrem a relação.

Em suma, numa época de desafios constantes, não só o cuidado à pessoa idosa constitui uma preocupação central no cuidado em saúde, como o cuidado confortador está para além da capacidade de resposta exclusiva de uma profissão. Embora se considerem os profissionais de Enfermagem os elementos facilitadores da acção confortadora, a procura da satisfação de quem é confiado ao cuidado exige uma abordagem multidisciplinar e multiprofissional. Só uma perspetiva multilateral centrada na gestão da qualidade poderá responder com eficácia às necessidades de saúde e de conforto da Pessoa Idosa.

1 Comment

  1. Rute Trindade

    É um excelente artigo que dá ênfase à importância do conforto na prestação de cuidados e no nosso quotidiano. Como Enfermeira, não me faz sentido nenhum prestar um cuidado sem dar conforto à pessoa em questão. Em cuidados de saúde, mais expecificamente, em enfermagem temos de prestar cuidados de conforto. Muitos Parabéns, pelo Excelente artigo.

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