Para algumas disciplinas científicas, como a investigação clínica e farmacêutica, as experiências com animais ainda são indispensáveis.
Os cientistas estão cientes das suas responsabilidades nesta área sensível e esforçam-se por diminuir o número de experiências. Hoje, pensa-se que uma maior padronização dos processos poderá aumentar a eficácia das experiências com animais, reduzindo assim o seu número. No entanto, a complexidade biológica e, em particular, a dependência do contexto das experiências individuais, dificultam a reprodução e a generalização dos resultados. Na última edição da “Nature Reviews Neuroscience”, uma equipa internacional liderada pela Universidade de Berna, na Suíça, aponta alguns caminhos para reduzir o número de experiências.
“A reprodutibilidade dos resultados é um elemento crucial da ciência. Os resultados são reproduzíveis se os resultados obtidos num estudo inicial puderem ser confirmados por estudos independentes”, explica um dos coautores do estudo, o ecologista Holger Schielzeth, da Universidade de Jena, na Alemanha. “Um problema fundamental da investigação biológica é que, frequentemente, os resultados estão muito dependentes do contexto. Portanto, propomos a integração de um desses fatores – a variabilidade biológica – no desenho da experiência, a fim de aumentar a possibilidade de generalização dos resultados”.
Atualmente, os investigadores padronizam as condições e as características dos animais de laboratório nas experiências, nomeadamente para a administração de um potencial medicamento, de acordo com critérios muito restritos. Ao fazê-lo, desejam eliminar todos os fatores que nada têm a ver com o objetivo imediato da experiência e, assim, aumentar a reprodutibilidade dos resultados. Esta abordagem padronizada, no entanto, limita o conjunto de condições para as quais os resultados obtidos podem ser generalizados. Isso significa que são necessários mais estudos para confirmar os resultados.
“Portanto, recomendamos a inclusão específica da variação contextual na conceção das experiências, com o objetivo de aumentar o alcance da transferência dos resultados com segurança” diz Schielzeth. “O objetivo será aumentar o potencial de reprodutibilidade e, assim, reduzir o número total de experiências”.
Uma “heterogeneização sistemática” das características dos animais e dos fatores ambientais pode ser alcançada numa versão modificada da conceção dos blocos aleatorizados. Isso envolve o emparelhamento de tratamentos e o controlo experimental em pequenos blocos, sendo cada bloco testado em contextos ligeiramente diferentes.
Este método permite que os investigadores descubram se os resultados específicos podem ser generalizados ou se devem ser atribuídos a fatores de influência específicos da experiência e, por exemplo, considerar os diferentes sexos, as idades ou as condições de alojamento dos animais. Isto poderia proporcionar-lhes resultados mais fiáveis de uma única experiência. Novas investigações neste domínio poderão conduzir a melhores “guidelines” para futuras experiências.
NR/HN/Adelaide Oliveira
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