A primeira publicação revista por cientistas dos resultados de testes clínicos do Houston Mehodist, publicada no The American Journal of Pathology

4 de Junho 2020

Quando os primeiros pacientes foram alvo do procedimento, Houston Methodist tinha tratado 74 pacientes infetados com COVID-19 em estado crítico, 50 dos quais tinham recebido alta hospitalar e estavam em recuperação

Os resultados dos primeiros testes de transfusão de plasma convalescente foram revistos por cientistas e publicados. E mostram que 19 em cada 25 pacientes melhoraram com o tratamento levando a 11 altas hospitalares.

A 28 de março, o Houston Methodist tornou-se no primeiro centro médico académico nos Estados Unidos a realizar uma transfusão de plasma entre doentes curados de COVID-19 e dois pacientes em estado crítico.

Sem efeitos secundários adversos causados pela transfusão, o estudo concluiu que o plasma convalescente é uma opção segura de tratamento para pacientes infetados com o COVID-19 em estado crítico.

Até à data, este é o maior estudo mundial avaliado por um grupo de especialistas para o resultado de transfusões de plasma como tratamento do COVID-19. Os resultados foram descritos num trabalho apresentado à imprensa a 26 de maio no The American Journal of Pathology. Esta é a primeira publicação revista por cientistas sobre o uso de plasma convalescente nos Estados Unidos.

James M. Musser, médico doutorado e diretor do Departamento de Patologia e Medicina Genómica, é o autor do estudo intitulado “Tratamento de pacientes de COVID-19 com plasma convalescente”. Eric Salazar, médico doutorado e professor assistente de patologia e medicina genómica no Instituto de Pesquisa do Houston Methodist é o principal investigador na liderança do projeto que procura tratar com plasma convalescente os pacientes contaminados com o COVID-19.

“Enquanto os cientistas médicos de todo o mundo se mexeram para testar novas drogas e tratamentos contra o vírus do COVID-19, a terapia de soro convalescente emergiu como uma das estratégias mais promissoras”, explica o Dr. Musser.

“Sem tratamentos de cura provados para os pacientes com COVID-19, era tempo de avançarmos rapidamente”.
Food and Drug Administration (Administração para os Alimentos e Drogas) FDA, até que a FDA aprovou a 3 de abril a abertura dos testes clínicos a mais pacientes para um novo medicamento em desenvolvimento. A aprovação obtida em tempo recorde abriu o acesso ao tratamento com plasma convalescente para doentes afetados pelo COVID-19.

A abordagem terapêutica, existente há séculos, pode ser remetida para a luta da Gripe Espanhola em 1918 e, mais recentemente, foi utilizada com algum sucesso durante a pandemia de SARS em 2003, na pandemia de influenza H1N1 de 2009 e no surto de Ébola em África em 2015.

No seguimento de um dos primeiros estudos desde que começou a pandemia do COVID-19, em que uma mão cheia de pacientes com COVID-19 em estado crítico na China mostrou melhorias, uma equipa interdisciplinar de médicos cientistas e profissionais de saúde do Houston Mehodist rapidamente atacou o vírus com uma terapia que utilizava soro convalescente.

Descobertas adicionais durante os testes médicos revelaram que os resultados do tratamento com plasma eram muito semelhantes aos resultados recentemente publicados de pacientes em uso-compassivo do medicamento antiviral remdesivir.

A equipa de investigação também concluiu que todas as complicações observadas eram consistentes com relatos recolhidos durante a progressão do COVID’19, e que não resultavam das transfusões de plasma. As conclusões gerais do estudo eram consistentes com outros pequenos casos de estudo do uso de plasma convalescente para o tratamento de casos de COVID-19 mais sério recentemente registados.

Em última instância, ainda que a nova terapia do Houton Methodist tenha sido implementada para tratamentos de emergência, os autores do estudo reconhecem a importante necessidade de ensaios clínicos controlados para determinar a eficácia do tratamento.

Um ensaio clínico controlado está neste momento a ser considerado no Houston Methodist, em que também seria dada mais atenção a variáveis como a altura da transfusão em relação aos sintomas, o número e volume de transfusões ajustado à biometria do paciente, o nível de anticorpos no plasma do dador e numerosos outros parâmetros necessários para avaliar com eficácia maneiras de otimizar a terapia. Isto ajudaria a esclarecer algumas questões, incluindo se os pacientes teriam melhores resultados se as transfusões de plasma fossem administradas mais cedo depois de registados os sintomas.

Nem todos os pacientes alvos de transfusões de plasma no Houston Methodist foram parte do ensaio. Desde o final de março, quando os primeiros pacientes foram alvo do procedimento, Houston Methodist tinha tratado 74 pacientes infetados com COVID-19 em estado crítico, 50 dos quais tinham recebido alta hospitalar e estavam em recuperação. Mais de 150 indivíduos recuperados doaram o seu plasma, e muitos continuaram a fazê-lo com frequência.

NR/HN/João Daniel Ruas Marques

 

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