Marcelo Rebelo de Sousa, que falava no final de um almoço no restaurante “Algaz”, criado pelo Centro de Apoio Social da Carregueira, no concelho da Chamusca, como forma de financiar a instituição, disse acreditar que o Conselho Europeu irá aprovar um fundo de recuperação que se somará a outros, a que acresce ainda o anúncio do Banco Central Europeu (BCE) de injeção de mais liquidez.
“O somatório destas duas realidades – o que vier de Bruxelas em termos de fundos e aquilo que é a intervenção todos os dias do BCE, indo até tão longe ou mais do que foi na crise da ‘troika’ para aguentar as dívidas públicas – pode permitir, se houver uma utilização criteriosa desses fundos, que os números finais não sejam tão brutais e tão graves como seriam se não houvesse uma bazuca mais outra bazuca, somadas”, declarou.
O BCE anunciou hoje que prevê uma contração económica de 8,7% na zona euro em 2020, devido à pandemia de covid-19, e que decidiu aumentar em 600 mil milhões de euros o volume do programa de compra de ativos de emergência (PEPP), destinado a limitar o impacto da crise causada pelo novo coronavírus.
O montante global deste programa que foi lançado em março passado ascende agora a 1,35 biliões de euros, indicou em comunicado o BCE, que também alargou a sua duração pelo menos até ao final de junho de 2021.
Por outro lado, na reunião de hoje, o BCE deixou as taxas de juros inalteradas, com a principal taxa de refinanciamento a manter-se em zero.
Na quarta-feira, O Conselho das Finanças Públicas (CFP) estimou uma queda do Produto Interno Bruto (PIB) entre 7,5% e 11,8% este ano devido à pandemia covid-19 e o início da recuperação em 2021.
Marcelo Rebelo de Sousa frisou que esta previsão foi feita sem ter em conta as medidas que estão a ser adotadas pela União Europeia, por não estarem ainda aprovadas.
“Nós sabemos que vai haver medidas europeias e isso o CFP não podia tomar em linha de conta porque não está aprovado”, disse, salientando ainda medidas internas, como o plano de estabilização económica e social e a utilização dos fundos vindos de Bruxelas.
“Portanto aquelas previsões são previsões duras e cruas, se não houver nada, entretanto, que atenue as previsões”, disse, sublinhando acreditar que as medidas que estão a ser tomadas permitirão que a situação “seja menos grave” que a apontada pelo CFP.
Questionado sobre a afirmação do primeiro-ministro, António Costa, de que não é possível passar esta crise sem dor, o Presidente da República sublinhou que o que está em causa “é saber se a dor é muito mais intensa ou menos intensa, se dura mais tempo ou menos tempo”.
“Não podemos estar a negar a gravidade da situação. Vai ser difícil. Já está a ser difícil na vida das pessoas”, afirmou, acrescentando acreditar que a União Europeia terá percebido que não deveria cometer “alguns erros que cometeu aquando da crise da ‘troika’”.
LUSA/HN
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