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A COVID-19: convidar ou “covidar”?
Portugal e os portugueses, como quase todos os outros países e povos, continuam a “pelejar” contra o SARS Cov-2 e, apesar da evolução positiva, ainda se mantém uma importante incidência diária com grande enfoque na Região de Lisboa e Vale do Tejo (LVT) ou, como já antes se referiu, efectivamente, na área metropolitana de Lisboa onde nos últimos dias se parece revelar algum resultado do recente acréscimo das medidas de Saúde Pública.
Estamos agora num período de férias “diferentes” depois de um, igualmente diferente, período de trabalho, pelo menos desde o início de março. Atrevo-me a dizer que está tudo de “pernas para o ar” e à fadiga física acrescenta-se agora, entre outras, a fadiga “social”, a fadiga mental e, até, a fadiga “pandémica”.
As equipas da linha da frente estão, por isso, muito desgastadas, desde os agentes das “politics”, passando pelos agentes das “policies” (aparentemente, diferenças demasiado ténues com as anteriores) e atingindo marcadamente todos, com um grande destaque para os profissionais de saúde (agora mais intensamente ainda da área da Saúde Pública e com um grande enfoque nos médicos de Saúde Pública). Consequentemente, esses focos estão muito desgastados e “aguçam-se” portanto ainda mais as pulsões para o ócio, características do actual período de que todos estamos ávidos.
Contrariamente ao recurso “copioso” ao teletrabalho (considerado agora o “Ovo de Colombo”??) não se vislumbra a mesma adesão às equivalentes teleférias e todos estamos sedentos de, concretamente, descansar, de interagir, de trocar afectos e, portanto, também de “socializar”. As inúmeras reaprendizagens que todos temos vindo a fazer obrigam a que “realizemos” (tantos anglicismos!) que, na actual fase pandémica, convidar pode ser (mas não tem que o ser) sinónimo de “covidar” se “aliviarmos”, essencialmente, o distanciamento físico (que alguns teimam em designar social) que constitui um “instrumento” decisivo para dificultar a “circulação” do vírus.
O descanso não deverá ser, portanto, da fadiga pandémica já que, tudo leva a crer, esse “combate” vai ainda permanecer por tempo indeterminado e exige o compromisso de todos na manutenção da reaprendizagem de novas formas de interacção que anulem (ou, pelo menos, dificultem muito) as potenciais cadeias de transmissão ainda perspectivadas num contexto de um diminuto número de portadores de “cicatrizes serológicas” naturais já que ainda não dispomos das “artificiais”.
Apesar da enorme tendência das comunidades em (hiper)valorizar o que é exterior aos indivíduos na quebra das cadeias de transmissão (v.g. superfícies e equipamentos) são, essencialmente, as pessoas que determinam a circulação do vírus e convidar, por isso e repito, pode também ser “covidar” ainda que, indiscutivelmente não sejam sinónimos.
A aprendizagem é um dos motores do desenvolvimento e exige, em Andragogia, intensa motivação e uma aguçada percepção do risco da(s) situação(ões) vivenciada(s). Em gestão do risco, na minha área da Saúde Ocupacional, refere-se muito frequentemente que a insuficiente percepção dos riscos profissionais é, em si mesmo, um factor de risco adicional pelo que essa percepção não “pode ir de férias” connosco, sob pena de haver um “relaxamento” das medidas principais de luta contra a actual situação pandémica. O trocadilho agora feito com as palavras pode, por isso, ser uma realidade concreta que, desejavelmente, se deverá evitar na actual “guerra” contra a COVID-19.
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