Paulo Bernardino cria Cantata de Natal em homenagem a António Arnaut

16 de Setembro 2021

O organista da Universidade de Coimbra, Paulo Bernardino, vai criar uma Cantata de Natal em homenagem a António Arnaut (1936-2018), considerado o pai do Serviço Nacional de Saúde (SNS).

Numa nota de imprensa, a Universidade de Coimbra explica que “será uma obra coral-sinfónica de grande envergadura, com o objetivo de enriquecer a música portuguesa contemporânea e de homenagear o político e escritor que ficou conhecido como o ‘pai do SNS’”.

A composição, inspirada no livro “O Pássaro Azul – Contos e Poemas de Natal”, da autoria de António Arnaut, “deve chegar aos palcos em 2022” e será publicada pela Imprensa da Universidade, adianta a mesma nota.

Paulo Bernardino, organista titular da Capela de São Miguel da Universidade de Coimbra, é natural do concelho de Penela, como Arnaut, e propõe-se “transformar em música a poesia e ficção” daquela obra, publicada em 1998.

“[António Arnaut] sempre se declarara agnóstico, mas ali encontrei – tão raro nos dias que correm – o verdadeiro espírito natalício cristão. Nada de luzes ou de enfeites, nada de grandes festas ou banquetes: ali sofre o homem por todos os esquecidos da Humanidade. Uns festejam o ‘Natal’, ele celebra o amor”, refere Paulo Bernardino, citado na nota.

O maestro e compositor considera que “chegou a hora de ‘dar asas’” ao ‘pássaro azul’, transpondo “estes textos admiráveis para o formato coral sinfónico, em homenagem não só a todos os artistas que tanto têm sofrido com esta pandemia, mas também à bravura” do SNS.

“Pretende-se criar uma obra musical de grandes dimensões, quer em duração (cerca de 60 minutos), quer em dimensão (orquestra, coro, solistas), sobre textos natalícios escritos na perspetiva de um agnóstico cristão português, por um compositor igualmente português e conterrâneo do escritor”, adianta o pianista Paulo Bernardino, também professor e investigador.

Ao mesmo tempo, a obra “procura contribuir para uma maior riqueza do património imaterial português, quer poético, quer musical, e espera-se que possa integrar o maior número possível de orquestras e coros portugueses, de modo a fazer chegar as homenagens implícitas a todos os palcos” do país, acrescenta o organista.

Este projeto é financiado no âmbito do programa “Garantir Cultura” e apoiado pela Universidade de Coimbra e pelos municípios de Coimbra e de Penela.

A posterior edição desta Cantata de Natal pela Imprensa da Universidade de Coimbra junta-se ao projeto de publicação da obra de António Arnaut, que esta entidade tem dado à estampa desde 2017.

“É com muito gosto que a Imprensa se associa a este projeto de Paulo Bernardino em homenagem a António Arnaut, ‘Doutor Honoris Causa’ pela Universidade de Coimbra”, diz o diretor da Imprensa da Universidade de Coimbra, Alexandre Dias Pereira.

Já o vice-presidente da Câmara de Penela, Rui Seoane, pergunta “que melhor maneira pode haver de homenagear a obra de um autor do que a criação de uma outra?”.

Por seu lado, a vereadora da Cultura do município de Coimbra, Carina Gomes, destaca que o projeto “singulariza e enaltece um cidadão ilustre e um homem ímpar”.

António Arnaut nasceu na Cumeeira, Penela, distrito de Coimbra, em 28 de janeiro de 1936. Morreu em 21 de maio de 2018, em Coimbra.

Fundador do SNS e cofundador do PS, partido do qual foi presidente honorário, Arnaut foi ministro dos Assuntos Sociais no II Governo Constitucional, Grão-Mestre do Grande Oriente Lusitano e foi agraciado com o grau de Grande-Oficial da Ordem da Liberdade e com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade.

Poeta e escritor, António Arnaut envolveu-se desde jovem na oposição ao Estado Novo e participou na comissão distrital de Coimbra da candidatura presidencial de Humberto Delgado.

LUSA/HN

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