Confiança dos portugueses nas instituições melhorou, mas “está longe do ideal”

4 de Outubro 2021

A confiança dos portugueses nas instituições “melhorou, mas ainda está longe do ideal”, destacando-se o índice de confiança no ensino público, seguido do Presidente da República, Exército, Polícia e Serviço Nacional de Saúde, segundo um inquérito da Deco Proteste.

“Em Portugal, o ensino público surge destacado no índice de confiança, com a nota mais alta (6,9 numa escala de um a 10). Em segundo lugar na confiança dos portugueses (6,7) foi referido o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, seguindo-se o Exército (6,6), a Polícia (6,5) e o Serviço Nacional de Saúde (6,3)”, avança a organização de defesa do consumidor em comunicado.

No polo oposto, com a avaliação mais baixa no gráfico da confiança, surge o sistema judiciário (4) que, ao contrário das restantes instituições, “não registou alterações assinaláveis” face ao estudo de 2016.

Seguem-se a Autoridade da Concorrência (4,4) e o Banco de Portugal (4,9) com os menores índices de confiança.

Segundo a Deco, “a gestão da pandemia da covid-19 contribuiu para melhorar a imagem que os portugueses têm das autoridades de saúde”, sendo que, “em comparação com o inquérito de 2016, o índice de confiança no SNS [Serviço Nacional de Saúde] passou de 5,1 para 6,3”.

Ainda assim, o grau de conhecimento e de confiança no SNS oscilou consoante as perguntas: Um terço dos inquiridos, por exemplo, desconhece o valor das taxas moderadoras em vigor no SNS e 40% não sabem como apresentar uma reclamação dos serviços prestados. Já metade dos portugueses revela baixa confiança no SNS para responder atempadamente às suas necessidades, sobretudo devido ao aumento das listas de espera com a pandemia.

A Deco Proteste, com as suas congéneres na Bélgica, em Itália e em Espanha, repetiu o inquérito realizado em 2016 sobre a confiança que os cidadãos depositam em várias instituições nacionais e internacionais como o SNS, o sistema judiciário português, o Parlamento Europeu e a Organização Mundial de Saúde (OMS), tendo também as empresas sido alvo de escrutínio quanto à imagem que projetam.

Os resultados basearam-se em cinco questões específicas para aferir o grau de conhecimentos dos cidadãos sobre a missão, atividade e estrutura destas organizações. Para medir os níveis de confiança, foi pedido aos inquiridos para atribuírem uma classificação de um a 10.

A nível internacional, conclui a Deco, “a gestão da pandemia pela OMS não afetou a confiança dos cidadãos na instituição”: Em comparação com o inquérito de 2016, esta passou de cinco para 5,8.

“No entanto – nota – uma percentagem relevante dos inquiridos (41%) não acredita na independência da OMS perante os interesses da indústria farmacêutica ou dos governos”.

O Parlamento Europeu é apontado como “a outra instituição internacional com pouco nível de confiança dos portugueses (5,4), seja por causa da ação dos eurodeputados, seja pela crença de que a instituição privilegia certos países e grupos económicos”, sendo que “as gerações mais novas são as que atribuem maior pontuação” a este organismo.

Quanto à imagem das empresas, a Google reúne as preferências dos inquiridos ao obter a nota de 7,4, seguida da Microsoft (sete) e da Volkswagen (6,7).

Pelo contrário, a NOS e a Nowo, duas operadoras de telecomunicações, ocupam o fim da lista, com a pior pontuação das empresas analisadas (4,9 e 4,1, respetivamente).

Para a Deco, “de uma forma geral, os cidadãos revelam um enorme desconhecimento sobre as organizações nacionais e internacionais, o que fazem, como atuam ou estão organizadas”, sendo que, “quanto maior é o grau de informação sobre as mesmas, maior é também o nível de confiança”.

“Em comparação com o estudo realizado há cinco anos, nota-se uma subida na confiança dos portugueses atribuída à grande maioria das instituições, mas os resultados estão ainda longe do ideal”, conclui a responsável pela relação com os media da Deco Proteste.

Segundo Rita Rodrigues, parece, “ainda assim, parece haver um longo caminho a percorrer na melhoria do sistema”.

“Uma das razões para a desconfiança parece estar relacionada com a convicção de um elevado número de inquiridos de que estas organizações não são independentes e são permeáveis a interesses de governos ou de grupos económicos, por isso, melhorar o acesso dos cidadãos à informação pode ajudar a mitigar essa desconfiança”, conclui.

Este estudo foi realizado em simultâneo em Portugal, na Bélgica, Itália e Espanha, entre abril e maio de 2021.

Uma amostra da população adulta, entre os 18 e os 75 anos, recebeu questionários ‘online’ ou em papel, tendo sido obtidas 5.314 respostas válidas (1.516 em Portugal), ponderadas por género, idade, região e habilitações literárias para refletirem a realidade de cada país.

LUSA/HN

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