António de Sousa Uva Médico e professor

+COVID-19: As “sete vidas” da pandemia, já irão em cinco?

11/07/2021

Na semana de 1 a 7 de novembro de 2021 o número de casos de COVID-19 poderá chegar aos 1300! Ouvi isto no início da semana passada com base em modelos de estimativa. O que se passou? Para já: dia1: 491 casos; dia 2: 450, dia 3: 1074; dia 4: 1382; dia 5: 1298 e dia 6: 1197. É uma grande subida, que de resto se expressa, naturalmente, na taxa de incidência que se espraia nos três dígitos, “roendo os calcanhares” ao limiar de controlo pandémico!

Será que só actuaremos quando os casos escalarem ainda mais? Ou vamos esperar pelos 240/100000, por taxas de transmissibilidade “anafadas” e maiores índices de positividade dos testes?

Já estamos, no mundo, bem próximos de um quarto de bilião de casos “oficiais” (de acordo com a definição de bilião nos EUA) e os cinco milhões de óbitos por (ou com) COVID-19, já foram! E, aparentemente, o perfil pandémico não se torna, como parecia antes previsível, em perfil endémico e as vagas não são “canhão” como as da Nazaré mas, apesar disso, o “mar não está chão”.

Entretanto a vacinação (não completa) da população mundial vai circunvizinha de metade mas, pasme-se, em África estão vacinados cerca de 6% (ou menos) dos seus habitantes, com alguns países africanos muito próximos de taxas de vacinação contíguas a 1%, enquanto os países mais abonados investem na vacinação dos mais jovens e na dose de reforço aos mais velhos!

Entretanto, a nossa sociedade, praticamente, voltou à actividade do período pré-pandémico e a Economia tem o revés das quebras de produção de amplos períodos de confinamento, esgotadas que estão as existências armazenadas.

Aparentemente, a boa notícia é que não apareceu uma variante que “finte” a imunidade induzida pela vacinação que se espera que não desponte nos países (e comunidades) em que o vírus quase que circula livremente.

Contrariamente à ideia dominante, o período ainda não é pós-pandémico e o grau de incerteza ainda é muito vasto no país que ombreia com os Emirados Árabes Unidos o protagonismo da maior taxa de cobertura vacinal consoante a perspectiva da vacinação completa ou iniciada.

As consequências pós-pandémicas da privação da prestação de cuidados de saúde a patologias não COVID vai igualmente emergindo gradualmente com potenciais (e óbvias) consequências na morbimortalidade geral não COVID-19.

Ainda que o “cansaço pandémico” seja colossal não parece, no contexto sumariamente descrito, muito sensato hipovalorizar a actual situação que parece tudo menos uma situação susceptível de ser encarada com tranquilidade. De igual modo, tal não justifica um elevado grau de preocupação mas, por certo, determina acções mais precoces do que as, por vezes, adoptadas num passado recente.

Talvez a medida mais sensata seja continuarmos todos a manter-nos “agentes de Saúde Pública” preservando a excelente adesão à vacinação característica do nosso povo (há mesmo muitas dezenas de anos e então não sendo notícia) e o não esmorecimento das medidas de prevenção que, espero, sejam conhecidas de todos, com destaque para o distanciamento físico e a protecção respiratória nas situações que a aconselham.

Tal, claro, esperando que as estratégias de acção sejam adequadas (e atempadas) e bem integradas nas Políticas de Saúde Pública que dirijam uma boa resposta às situações perspectivadas pelo sistema de vigilância e gestão de informação sobre a pandemia.

O que parece certo é que a pandemia não é ainda passado e tal determina que todos adoptemos medidas que dificultem a propagação da partícula viral e não fiquemos satisfeitos com a pouca pressão sobre as unidades hospitalares traduzida no número de internamentos e doentes em UCI!

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