ERS abre processo a Hospital Amadora-Sintra no caso de doente que recusou transfusões de sangue

8 de Novembro 2021

A Entidade Reguladora da Saúde (ERS) abriu um processo de contraordenação ao Hospital Fernando da Fonseca por violação de múltiplas normas de acesso a cuidados de saúde envolvendo um doente que se recusou a receber transfusões de sangue.

Concluiu ainda que houve igualmente violação das disposições legais referentes aos Tempos Máximos de Resposta Garantidos (TMRG).

O caso diz respeito a uma reclamação recebida pela ERS visando o Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E. (HFF).

Na reclamação, a utente alegava que o HFF, já após o seu internamento naquele estabelecimento, lhe negou o acesso a uma cirurgia, em virtude da sua recusa em receber transfusões sanguíneas.

A ERS diz ainda que mais tarde foi apensada ao processo de inquérito uma outra reclamação sobre o mesmo assunto, relativamente à qual o regulador aponta a necessidade de o hospital cumprir o disposto no regulamento do SIGIC (Sistema Integrado de Gestão de Inscritos para Cirurgia) e no seu respetivo manual, em particular no que se refere ao registo dos dados mínimos obrigatórios (“recusa de sangue por motivos religiosos”) na inscrição do utente na lista de espera e na respetiva proposta de cirurgia.

Segundo a deliberação, datada do passado mês de julho, a ERS decidiu emitir uma instrução ao Hospital Professor Doutor Fernando Fonseca, E.P.E., no sentido de garantir a adoção de todos os comportamentos que assegurem o “rigoroso e cabal cumprimento de todas as regras e prazos estabelecidas no quadro legal relativo aos TMRG e adotar os procedimentos necessários para “orientar a atuação dos seus profissionais de saúde” nos casos de utentes que necessitam de cuidados e que recusam transfusões sanguíneas.

Considera ainda a ERS que o hospital deve adotar os procedimentos internos necessários para instruir a atuação dos seus profissionais de saúde para cumprir o regulamento do SIGIC e o seu respetivo manual, “em particular nos casos de utentes que necessitam de realizar cirurgias e que recusam transfusões sanguíneas.

A entidade reguladora defende que deve ser garantido o registo dos dados mínimos obrigatórios (em especial a “recusa de sangue por motivos religiosos”) na inscrição do utente na lista de espera para cirurgia e na respetiva proposta de cirurgia e que estes devem ser atualizados, eventualmente revistos, e que deve ser criada uma nova proposta “sempre que as circunstâncias concretas o determinem”.

LUSA/HN

0 Comments

Submit a Comment

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *

ÚLTIMAS

Brasil ultrapassa as 3.000 mortes por dengue este ano

O Brasil, que enfrenta a pior epidemia de dengue da sua história, registou este ano um recorde de 3.039 mortes pela doença, quase o triplo do número registado em todo o ano de 2023, indicaram sexta-feirafontes oficiais.

Desafios e oportunidades na publicação científica

Durante a sessão “Revista Medicina Interna: o que é que um editor quer ver publicado”, moderada por Rui Tato Marinho e que teve como palestrantes José Mariz e Helena Donato, José Mariz, editor-chefe da Revista Medicina Interna, ofereceu insights valiosos sobre os objetivos e desafios enfrentados na publicação científica.

Desafios e dilemas em fim de vida em debate

No âmbito do 30.º CNMI, Sara Vieira Silva apresentou uma palestra sobre os desafios e dilemas enfrentados no cuidado de doentes em fim de vida, com foco no projeto “Bem Cuidar em Fim de Vida – Experiência Hospitalar Universitária”.

Novas evidências sobre a doença vascular cerebral

“Doença Vascular Cerebral: novas evidências, novos paradigmas” foi o tema de umas das sessões do 30.º CNMI, onde abordou especificamente o tema “FOP quando e como pesquisar, melhor estratégia terapêutica”.

O fundamental da doença hepática

No palco do 30.º CNMI, Filipe Nery liderou uma sessão crucial sobre um tema desafiador: a coagulação no doente com cirrose hepática. A sua palestra abordou a complexidade da fisiologia e patofisiologia da coagulação nesses doentes.

30.º CNMI destaca a importância do rastreio nutricional hospitalar

Ricardo Marinho foi palestrante da sessão intitulada “Risco nutricional a nível hospitalar: como reconhecer e orientar”, e moderada por Aníbal Marinho. Nesta sessão, o especialista destacou a importância crucial do rastreio nutricional em ambiente hospitalar, especialmente no contexto da Medicina Interna, e delineou estratégias para identificar e orientar adequadamente os doentes em risco.

Medicina de precisão VS Medicina Baseada na Evidência

No 30.º CNMI, José Delgado Alves destacou-se como palestrante na sessão “Medicina de precisão VS Medicina baseada na evidência”, moderada por Carlos Carneiro. A sessão teve como objetivo explorar a integração de diversas abordagens médicas, ressaltando que a prática da Medicina não se pode basear numa única perspetiva.

MAIS LIDAS

Share This
Verified by MonsterInsights