Os dados foram avançados durante uma mesa redonda na cidade da Praia sobre o cancro da próstata por Carla Amado Barbosa, médica patologista e coordenadora do programa nacional de prevenção e rastreio das doenças oncológicas, com base nas informações do Observatório Mundial sobre o Cancro (Globocan) da Organização Mundial de saúde (OMS).
Segundo a mesma fonte, em 2020, foram detetados 825 casos de cancro no geral em Cabo Verde, dos quais 70 foram da próstata, que é o mais diagnosticado e o que mais mata o homem no país.
No ano passado, foram também registados 40 óbitos, entre eles de casos acumulados dos anos anteriores, ainda segunda a coordenadora.
Para a médica, ainda existe alguma polémica em Cabo Verde no que concerne ao rastreio do cancro da próstata, não sendo consensual, mas afirmou que a deteção precoce é a solução para prevenir a doença crónica.
Por isso, avançou que três aspetos importantes são a consciencialização da população, a capacitação dos profissionais de saúde e a melhoria dos acessos de saúde para toda a população.
“Estamos a diagnosticar muito tarde”, lamentou Carla Barbosa, considerando que o país deve trabalhar na promoção, prevenção e deteção precoce da doença, já que 40% dos casos são evitáveis, com a eliminação dos fatores de risco como tabaco, álcool, obesidade ou infeções.
“Sabemos que se tivermos uma população informada, conhecendo os sinais de alerta, se tivermos profissionais capacitados, claramente os diagnósticos vão ser feitos mais precocemente possível, que trazem resultados melhores em termos de tratamento”, frisou.
A médica reconheceu que ainda existe “muito tabu” em relação à saúde dos homens, que procuram muito pouco as estruturas de saúde, e há também que desmistificar o medo em relação ao toque retal.
“Em Cabo Verde, a indicação que nós temos é que os homens a partir dos 45 anos de idade devem consultar os seus médicos, fazer o seu PSA (exame para o despiste do cancro da próstata) e o toque retal e assim terem um exame de base e, posteriormente, com alguma regularidade o seguimento”, apelou.
A mesa redonda, realizada pelo Instituto Nacional de Saúde Pública (INSP), foi uma das atividades enquadradas no Dia Mundial de Luta Contra o Cancro da Próstata, assinalado em 17 de novembro, o mês azul.
O objetivo do evento foi promover uma reflexão sobre essa doença, que já é considerada um problema de saúde pública em Cabo Verde.
Os cancros mais prevalentes em Cabo Verde são os da mama, do colo do útero, do aparelho digestivo e da próstata, sendo que os homens são os que mais morrem de cancro no país.
De acordo com os dados do Programa de Prevenção e Rastreio do Cancro, esta doença representa a segunda causa de morte e de transferência de doentes em Cabo Verde.
LUSA/HN
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